“Fui tudo. Nada vale a pena.”*
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“Fui tudo. Nada vale a pena.”*


o limite do infinito
é se conter em si mesmo:
não poder ser
mais do que não deveria...
o limite do poeta
é não se conter em si mesmo
dizer mais
do que em si poderia...

o verso vem
como se eu não houvesse
e não sendo eu
versa de mim o que sou
o poema é um perigo em segredo
e o canto é mistério
de medo

estive em tudo
que aqui escrevo
e cada palavra
cala do que me perdi:
vi nos meus sonhos
uma ave estranha
e o mar de verde
era ao reverso lama

não me olhem
como aqui eu sou:
naquele olho
é que extirpei meu ser
flechem o fim da música
que me deixei morrer
e não deixaram
nem eu ver chorar

poeta mau e humano pior ainda
tornei-me o fim
de uma história infinda
e agora sou horror
para que a história fosse
esta rima pobre:
linda.

mas já enchi o saco demais
melhor evocar o verde do mar
para não ter que dizer
o que não posso falar...

* verso de Fernando Pessoa



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