Por vezes, nas tuas deambulações, pareces querer redimensionar os muros, entregue aos teus próprios desafios. Tento encontrar-te, sentir-te, embora saiba que, nessas alturas, só tu possas definir o teu fio condutor, algures entre a luz e a sombra. Ainda, e sempre, forjado em equilíbrios, é isso que verdadeiramente te define.
Num universo tão vasto, pleno de cenários, de oportunidades, insistimos, dando voz ao medo, em querer reduzi-lo à nossa dimensão. De tanto querer medir as coisas, numa escala que não entendemos, feita à medida da nossa ignorância, quase deixámos de acreditar. Abrimos as portas aos vendilhões do templo.
Prosseguimos a nossa peregrinação, plena de pontas soltas, em busca de defesas e alguma humildade. Tarefa dura, desafiadora, num mundo em que a intolerância, eterna aliada das verdades supremas, investiu, com grosso orçamento, no ministério das fronteiras. E nós, caminhando por veredas, quase sempre à bolina, sem saber do norte, tentamos, por entre as folgas, manter viva a lucidez, aliada da dignidade e da esperança, cada vez mais cambaleantes: uma pista aqui, um gesto ali, sementes dum mundo por que todos ansiamos, mas que teima em dar sinais contrários.
Talvez, um dia, consigamos forjar o nosso destino. Talvez, quem sabe, consigamos derrubar os muros interiores, verdadeiro sustentáculo de outros muros. A vida ganhará, por certo, uma outra dimensão.
- Medo X Coragem
O medo, muitas vezes, nos impede crescer. Por causa dele, deixamos de buscar oportunidades e conhecer os muitos e diferentes caminhos da vida.Vivemos na idealizada segurança, mesmo que insatisfeitos, e não nos permitimos olhar além dos muros que o...
- Necessidade De Lonjura
Entre o tempo que tive e o que tenho Há uma cerca a toda a volta Uma rede de malha verde Andaimes e mão de obra barata Sonhos grandes e pequenos E vazio Especialmente vazio Do que se queria e não se teve Do que se quer e não se tem Do que passou e...
- (des)fado
. AC, Nuvem-pássaro. . Olhamos, sentimos, tentamos compreender. E, por todo o lado, correspondendo à irracionalidade do medo, irrompem fronteiras, marca simbólica do que nos separa, deixando, cada vez mais, para o fim da fila, aquilo que nos poderia...
- (in)ventar
. Margarida Cepêda, Ela, o violino e vagas. . . Forjar a dignidade é tentar construir, camada após camada, alicerces capazes de lograr o vento. Tarefa ingrata, nunca acabada. Enquanto nos contorna, ele vai tecendo, pacientemente, as linhas da nossa...
- Arremedo De Rebate Em Contraciclo
. Margarida Cepêda, Painel A Lua Nova . . . Os ciclos repetem-se, mas a memória teima em não os acompanhar. Queres tudo, não queres recuar, pareces ter esquecido a química da harmonia. E pões a mão no peito.Quando, por fim, começas a vislumbrar...