Recebi o texto em anexo, com o qual concordo.
A Justiça nacional tende a melhorar, ainda que Aquilino Ribeiro, já no seu tempo, alimentasse poucas esperanças...
Ontem, dia 2 de Fevereiro de 2016, o aeroporto de Faro foi palco de um certo reboliço por causa de telefonemas anónimos que afirmavam ter sido colocada uma bomba num avião da TAP, ali estacionado e a escassos minutos de seguir viagem.
Após ocorrências, mais ou menos recentes, de derrube de aviões por mísseis e outro tipo de bombas, acionadas à distância ou colocadas no interior dos aparelhos, é de levar a sério tais denúncias e foi isso que os responsáveis pelo aeroporto fizeram, suspendendo o voo programado e acionando os dispositivos de segurança previstos para casos semelhantes.
Os passageiros aguardaram cerca de três horas, tempo que levou a esclarecer a situação. Afinal fora falso alarme, alguém teria cometido uma brincadeira de mau gosto, apenas isso.
Não tardou que a P.J. (pensamos que terá sido a P.J.) descobrisse o autor dos telefonemas, um jovem de 35 anos. Não foi necessário prendê-lo, pelo que se soube, devendo no entanto ser observado por técnico competente sobre imputabilidade (em língua portuguesa significa ser responsável) ou inimputabilidade (não ser responsável). Foi adiantado, por fonte jornalística, que a ser inimputável, o “alegado” autor dos telefonemas nada terá a temer; caso seja considerado imputável, então o “suposto” está tramado, aguardando-o uma pena de prisão (talvez suspensa) que pode chegar aos dois anos.
Entretanto foram entrevistados alguns passageiros do avião, que se queixaram por só lhes terem oferecido café com açúcar, sem leite! Também o transtorno da demora, claro.
Nossos comentários:
Por se tratar de um jovem, a ocorrência deve ser considerada mera brincadeira, não lhe devendo ser atribuído outro significado. A pena de “até dois anos” seria sempre exagerada, tanto mais que ainda ontem (precisamente) a Ministra da Justiça se queixou da superlotação das cadeias. Por outro lado, a ação do “presumível” até pode ser encarada de forma positiva: Jovem patriota que simplesmente obrigou o aeroporto a testar uma resposta, o mais eficaz possível, face a eventuais cenas reais.
Quanto aos transtornos dos passageiros, aos suportados pela TAP, ao envolvimento dos policiais e dos seguranças do aeroporto, pequenos percalços sem importância de maior.
Mas o pior está para vir, supostamente. Ou seja, se o assunto subir à barra dos tribunais (terminologia correta), então temos pano para mangas. De certeza, alguma entidade terá que fazer a acusação e consequentemente… alguma entidade terá que fazer a defesa. A acusação tenderá a pintar as coisas muito negras, enquanto à defesa cabe o papel de pintar um quadro o mais rosa que for capaz: “O jovem não tem cadastro, apresenta duas testemunhas a dizerem que foi sempre bem comportado e que lá no Bairro é tido por ótima pessoa, que não tinha a mínima intenção de prejudicar quem quer que fosse e que na altura dos telefonemas estava sob efeito de uns copitos de vinho, ou de uma outra droga qualquer”.
Entretanto o “arguido” continuará inocente até a sentença transitar em julgado. Quando a sentença for proferida (num curto espaço de tempo), das duas, uma: Ou a defesa fica satisfeita (prevê-se a absolvição, por inimputabilidade), ou recorre da sentença. Em caso de recurso, a questão prossegue e prosseguirá, prosseguirá…
Também entretanto se há de redesenhar (terminologia correta) o mapa judiciário e não imaginamos se o “arguido” continuará a responder no mesmo tribunal, se noutro, ou se pura e simplesmente o assunto acaba arquivado, por ultrapassagem dos prazos legais.
Cremos que este ensaio humorístico (ainda que não pareça) pode ser viável.
Fiquem bem,
António Esperança Pereira
http://lusito.bubok.pt/