António Esperança Pereira: o tgv o aeroporto o dez de junho
Textos e Mensagens

António Esperança Pereira: o tgv o aeroporto o dez de junho



É sempre mau
há sempre quem se encolha
quando neste país o sonho tem dimensão grande

é coisa demais logo se diz
apequenamos
criticamos receamos amaldiçoamos

ficamos tolos
maldizentes
as coisas que dizemos
de quem ousa de quem quer

enfermamos de males de mesquinhez
quando o que se quer é avançar
sair da pequenez
a que o retardar de tantos anos
nos levou

estranho povo grande
que gosta de chorar gemer
desanimar
antes mesmo de tentar

e o tempo que se perde
com os que não querem avançar
que se assustam quando surge
uma avalanche força que não pára
que não dá para travar

é por entre olhares desconfiados
palavras duras de caciques
escaramuças acesas à mudança
que a obra enfim irrompe

ainda bem que o futuro mostra sempre
que o que deslumbra mesmo
é a obra grande
o valor que temos
a ousadia de que somos capazes

e quando a obra enfim se cumpre
é vê-la admirada pelo futuro e pelo mundo

cumpra-se pois um Portugal sem medo
e que os oceanos e as vidas que ceifaram
quando os transpusemos
os feitos que trouxeram
sejam exemplo
para outros feitos á nossa medida

GRANDES

calem-se de vez os velhos do Restelo
calem-se os cínicos os provincianos
para que Portugal se cumpra
de vez

(escrito por mim em Junho de 2007)
----------------------------------------------------------
ANOS 60/ PERCURSO ADOLESCENTE (escrevia eu isto...)

No cais

Parou a vida no cais
não se ouve um suave canto
estátuas vivas em pé
banham seu rosto de pranto

e sem amor pela vida
voltam as gentes à aldeia
em vestes de negro escuro
à luz tosca da candeia

à luz da suave esperança
tocam os sinos da terra
cintila a luz da candeia
cintilam vidas em guerra.
----------------------------------------------
Pátria triste

São rostos tristes mãos sem nada
na testa faustosa do Império
ideais fecundos enterrados
nas campas das masmorras solitárias.

São cavadores olhos vendados
um mundo de ilusões em cada enxada
uma Pátria triste que apodrece
no próprio ventre seu escravizado.

Mágoas que voam asas cortadas
ofendida a razão e um profundo sono
e só melancolia
para quem o tempo vai sorrindo.

Sorri pois vós ó rostos tristes
pássaros no chão de asas cortadas
que a razão
com vossas asas no futuro voará.
---------------------------------------------
Vento irado

Donde vens tu vento irado
que trazes raiva nas veias
e sopras do mar salgado?

Donde vens que vens tão triste
sopras sopras sem parar
donde vens ó vento triste?

Mas o vento que passava
calou seus lábios estranhos
não disse porquê chorava.

Traz nos lábios água e sal
sofreguidão de quem chora
traz mágoas para Portugal.

E só mágoas e enganos
arrasta o vento consigo
há quatro dezenas de anos.
----------------------------------------------
Nosso comentário

Que não se perca o sentido do essencial. O povo português escolheu virar à direita. É soberana a vontade popular, sem entrar na problemática da abstenção, do voto útil, do cansaço da governação.
Os senhores que ficam agora com as rédeas do poder são herdeiros directos desse tempo que ainda vivi nos anos 60 como adolescente. Tempos sem luz nem esperança.
Não esqueço, não esquecerei as diferenças entre o que então via e o que agora vejo no meu país: UM ABISMO DE DIFERENÇA!

Que não tenha sido em vão o fim das 4 dezenas de anos, ditadura de Salazar
----------------------------------------------
Por ser 10 de Junho, que a língua maravilhosa de Camões viva nos corações dos que se expressam em português, essa Pátria imensa que é a LÍNGUA PORTUGUESA!
Fiquem bem,

António Esperança Pereira



loading...

- "percurso Adolescente Anos 60" - António Esperança Pereira
Sinopse Percurso adolescente tem um cheirinho a um tempo bem difícil que Portugal vivia. Por um lado a guerra colonial, por outro o êxodo migratório para terras de França sobretudo. Não havia liberdade de expressão, a falta de futuro em ditadura...

- Pedro Álvares Cabral: Homenagem
Destaco hoje a notícia da homenagem feita a Pedro Álvares Cabral. Primeiro, pelo grande português que foi, é e será; Segundo, pela descoberta desse enorme Brasil tão longínquo na altura, hoje cada vez mais perto; Terceiro, pelo contributo decisivo...

- Manuel Alegre
Este poema faz parte do livro actualmente mais requisitado pelos leitores: "PORTUGAL PERIFÉRICO OU...O CENTRO DO MUNDO?" que pode ser visto em: http://lusito.bubok.pt Sinceramente tenho como opinião que todo o Português com um P grande devia ler alguns...

- O Tgv O Aeroporto O Dez De Junho
É sempre mau há sempre quem se encolha quando neste país o sonho tem dimensão grande é coisa demais logo se diz apequenamos criticamos receamos amaldiçoamos ficamos tolos maldizentes as coisas que dizemos de quem ousa de quem quer enfermamos de...

- Fernando Pessoa E Suas Quadras
Hoje, o mundo comemora os 123 anos do maior gênio da poesia em língua portuguesa na minha opinião: o inatingível Fernando Pessoa. Sua obra é vastíssima. E algumas delas ainda são bem pouco conhecidas. Por exemplo, as suas "Quadras ao Gosto Popular"....



Textos e Mensagens








.