Textos e Mensagens
ao Compasso das Gargalhadas
...ao compasso das gargalhadas
dos abutres sobre o sangue
passo a passo dos gargalos
cataratas das garrafas
e o catarro das risadas
dos abutres sobre a terra
garra a garra pela carne
em brasas de santa graça
e a branca alada da garça
assanguinada em faca fraca
do compasso das metralhas
dos deboches alastrados
e os abertos bicos dos abutres
na cantata das gargalhas
e as pernas já trançadas
nas vagas claras do teu riso
os cruéis dentes em vãs asas
como o branco das cascatas
e o sarcástico dos asnos
e o rastejo das serpentes
e o gaguejo dos macacos
e o gorgolejo das galinhas
e o grotesco destes sapos
e o motejo destas cabras
e o manquejo destes diabos
soaram como graves larvas
ou como bruxas engasgadas
de ironias devoradas
e zombarias pelas águas
e gangrenas golfejadas
entre as línguas engraçadas
de lagartos arrastados
em macabras largas danças
com mefistófeles e gárgulas
na valsa destas risadas
dos abutres sobre o sangue
ao compasso das gargalhadas...
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Mulher
Eu sei que não nem sempre a vida é gajas boas nem sempre se diverte o corpo num bagaço ou numa pipa de vinho a vida passa a vida dói a guerra tira um braço a doença leva quilos de saúde e cor e traz cansaço a morte espreita a cada um...
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Desaforadas (ou Após Ouvir Shostakovich)
há risos gargalhadasem cascatas cataratasassanguinadas cantatas de gargalhasdas risadas alastradasem zombarias pelas águas compassos de risadasde asa garra e brasanas rubras russas geadas o deboche dos abutreso gaguejo de macacosgorgolejo de galinhas...
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De Vinhos E Tragos
pé por pécomo quem pisa a noite e cada passo era cada passo um século a cada século gota a gotaeu entornava a vida e passo a passo eu me passava aos poucoscomo o marchar de adágioslentos ventos e roucos formei-me de lagosde vinhos e tragosa tropeços...
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Inebriei-me De Ocaso...
flecha de Fim varou-me no peito rasgando a carne como a água do mar avança sobre a praia frágil: insanamente lenta. pé por pé me lancei em lentidão da noite e cada passo era cada passo um século cada século era de sangue a gota gota a gota lacrimejava...
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Ao Alto
dá-me tua alma e tua bela mão etérea vamos às alturas aéreas pairar sobre as auras claras do teu sono em sombra e sonho sair à noite como aves aves alvas sobre os mares com tuas fadas em alta lua a valsar por sobre as árvores como silfos aos luares...
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