Textos e Mensagens
Bispos solidários com D. Policarpo
Declarações de D. José sobre a ordenação das mulheres não caíram bem em Roma e o cardeal teve de explicar-se. Há quem fale em manifesto exagero.
Os bispos portugueses estão solidários com D. José Policarpo e qualificam de "exageradas" as pressões feitas sobre o patriarca, que o levaram, na passada quarta-feira, a publicar um esclarecimento sobre o caso da ordenação das mulheres.
O cardeal de Lisboa disse, em entrevista ao boletim da Ordem dos Advogados, que "teologicamente não há nenhum obstáculo fundamental" à ordenação feminina, declaração que teve amplo eco internacional, com citações em diversos jornais europeus e, particularmente, italianos.
Na quarta-feira D. José Policarpo admitiu que as reacções de "indignação" às suas declarações o obrigaram a "olhar para o tema com mais cuidado" e afirmou total concordância com a Carta Apostólica ‘Ordinatio Sacerdotalis’, de 1994, em que o Papa João Paulo II reafirmava que "a Igreja não tem a faculdade de conferir ordenação sacerdotal às mulheres".
Este emendar da mão do cardeal-patriarca de Lisboa causou alguma indignação no episcopado português, que considera que as declarações de D. Policarpo são de índole teológica e não significam qualquer intenção de colocar em causa as regras da Igreja.
"A determinação que existe é da não ordenação das mulheres, mas não se trata de um assunto dogmático e, como tal, pode ser discutido", diz o bispo das Forças Armadas, D. Januário Torgal Ferreira, lembrando que "o actual Papa, enquanto cardeal Ratzinger, considerou o tema de fronteira e em aberto".
D. António Vitalino, bispo de Beja, diz que "o assunto deve ser debatido e estudado pelos teólogos", mas admite que, "a haver qualquer alteração, demorará várias décadas".
"Isto obrigará a um debate muito longo e alargado e à convocação de um sínodo ou até de um concílio, o que não se faz do pé para a mão", disse ao CM o bispo de Beja.
A maior parte dos prelados evita o assunto, mas todos são unânimes no apoio ao patriarca de Lisboa. Aliás, todos devem dar esse testemunho de solidariedade na próxima reunião da CEP, em Setembro.
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Comentário à notícia mais votado"É uma profissão leve que pode muito bem ser desempenhada por gente feminina,de preferência que sejam bem vistosas no altar.Pois com estes actuais Pastores,esta-se na eminência de o rebanho ficar reduzido a nada... "
Anónimo
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Nosso comentárioPondo de lado polémicas, dogmas, mais isto mais aquilo, menos isto menos aquilo, uma coisa parece inevitável:
A Igreja Católica tem que fazer alguma coisa.Por mais que se adiem soluções, renovações, modernizações, elas terão que ser feitas por imposição da natural evolução do mundo dos homens.
Dir-se-ia que já nada é como dantes.
Como pode, pois, a Igreja manter-se uma ilha, ou quase, em tantos e candentes assuntos da actualidade?
É sabida a dificuldade de atrair vocações de rapazes neste universo humano cada vez mais sedento de sucesso fácil, dinheiro, prazer, liberdade, grandes voos.
Longe vão os tempos de o Seminário se apresentar como solução para alguns meninos pobres estudarem indicados por beatas e protectoras madrinhas.
Leia-se a propósito o notável romance "A APARIÇÃO" do escritor Vergílio Ferreira.
Também a democratização do ensino e do saber tem tornado os jovens mais esclarecidos. Não será, pois, de ânimo leve que hoje se poderá convencer um "puto" a seguir a carreira de sacerdote.
Daí que este assunto
"mulheres sacerdotes", que já não é novo e promete debate futuro, assuma a sua importância.
Pois só quem não tem olhos na cara e dez reis de testa é que não se dá conta dos avanços fantásticos que as mulheres têm feito, em todas as áreas, nas últimas décadas.
Pode dizer-se que têm conquistado lugar em tudo o que é sítio, actividade, profissão, carreira, quando ainda há pouco tempo quase tudo lhes era vedado.
Atrever-me-ia a dizer que as mulheres e seus avanços são a grande revolução social do último meio século, mais coisa menos coisa.
Assim sendo, faz todo o sentido que mais uma porta lhes possa ser aberta, a da carreira sacerdotal.
Deixo os pormenores para quem percebe da coisa e a sente, a verdade é que o mais que a Igreja poderá fazer será adiar esta quase inevitabilidade.
Os "se's" e os "mas" não irão conseguir contrariar este novo nicho de mercado que se adivinha para breve para o sexo feminino.
Aqui D. Policarpo está a ver bem.
Só há que pesar perdas e ganhos com "a coisa" neste negócio de saias no altar em concertação com os Senhores do Vaticano. Poderá haver crentes mais conservadores que não aguentem o modernismo, poderá haver outros, agora fora do rebanho, que sintam na presença da saia, um novo chamamento...----------------------------------------
Fiquem bem,
António Esperança Pereira
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