Concerto para Piano e Orquestra nº2 de Brahms, o Maior ( E os 178 anos do Compositor)
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Concerto para Piano e Orquestra nº2 de Brahms, o Maior ( E os 178 anos do Compositor)


Há exatos 178 anos, nascia, em Hamburgo, Alemanha, Johannes Brahms, o meu compositor de coração, de alma, o meu favorito, o que está, para mim, sem desmerecer os outros, é claro, acima de todos. Mal saberia expressar o quanto sua música é a mim importante, o quanto me identifico com ela. Por isso, não posso deixar passar em branco a data de hoje.

Aproveito para comentar um pouco sobre o seu magnífico Concerto para Piano e Orquestra nº2, Op 83. Já falei dele aqui, mas agora comento um pouco mais. Com todo respeito a Beethoven, a Mozart, a Bach, o Concerto nº2 de Brahms é para mim o maior de todos. O que foi mais longe e o mais perfeito. Não que não existam outros concertos perfeitos. Os nº4 e 5 de Beethoven, os nº20 e 24 de Mozart, o primeiro de Bach (originariamente para cravo), para ficar apenas com alguns exemplos,  também são absolutamente perfeitos.

Porém, o de Brahms marca, na minha humilde opinião, uma evolução definitiva no gênero, um passo além de Beethoven, onde o equilíbrio absoluto entre piano e orquestra, em um rigor formal magistral, torna a obra algo como uma sinfonia com piano. É o  auge dos concertos para piano. Jamais superada. É uma obra típica de Brahms: conteúdo terrivelmente romântico organizado sob uma forma severa e impecável. Apaixonado e melancólico, sem ser melodramático, grandioso e poderoso, sem ser exagerado. Sempre firme, sempre forte, sempre denso, sempre sério, sem perder a ternura. 

O Concerto para Piano nº2 é uma obra dificílima, mas em nenhum momento vai em busca de virtuosismos de abusação técnica, Brahms detestava as exibições virtuosísticas. É uma composição séria, complexa e pesada sem jamais perder a grande beleza e originalidade de sua invenção melódica. Sua intensa profundidade e complexidade temática exige muita concentração do ouvinte. 

O meu movimento preferido é o segundo, de caráter violentamente trágico e atormentado, algo como um aprofundamento na tragédia com relação ao primeiro movimento, também trágico, poderoso e apaixonado, embora um pouco mais sereno e luminoso. O piano principia com uma força monumental e avassaladora, secundado pela angústia da orquestra. É música devastadora, de majestosa força sinfônica. Ao seu final desesperado, mas que jamais se curva, segue-se a impressão de que não sobrou pedra sobre pedra. O lento terceiro movimento, algo como uma série de variações sobre um único tema, onde o violoncelo tem papel preponderante ao lado do piano, é de uma tristeza quase palpável. A melancólica ternura outonal de seu princípio dá lugar a um sofrimento que nos dilacera. Por fim, o concerto finaliza de forma triunfante, contudo sem deixar de lado a tragédia que o acompanha do começo ao fim.

Deixo aqui um link para quem quiser conhecer os dois concertos para piano de Brahms, sob a regência de Leonard Bernstein. O nº1 é quase tão bom quanto o nº2. É música que está entre o que de melhor foi criado pela humanidade.

Finalizo com o humilde poema abaixo, que escrevi para homenagear Brahms em seu aniversário no ano passado:

7 de Maio de 1833


que importa
a esperança
que se fecha a cada porta
e o fracasso
que me ronda a cada passo?


que importa
o esfomeado sonho
que se alimenta
de um mingau medonho?

que importa
a vida e a morte
essas duas faces
da moeda da sorte?

que importa o que não veio
o que não tive
o que não pude?

que importa afinal
que eu não possa esperar
que tu me ames?

nada disso tem importância...
o que importa
é que existe Brahms.




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