Textos e Mensagens
Dia 20 de Outubro foi o Dia do Poeta. Nada a Comemorar.
É, nada. Num mundo cuja humanidade é cada vez menos humana, cada vez mais robótica, mecânica e desprovida de senso crítico e de sensibilidade, a poesia aos vai ocupando um lugar cada vez mais restrito. Deixo dois poemas abaixo que abordam essa temática. Antes, um trecho de Mário Pederneiras:
"É minha poesia que me isola do rastejo vulgar de toda gente...
Na sua estranha calma é que minha Alma se elevaE purifica."
o homem que não muda
com a muda
de árvore
nas mãos miúdas
espera o homem
(que nunca muda)
mudar o mundo
o homem que não-muda
entre a merda e o medo
e a poesia muda
como quem observa
um morto
como sendo grave
a poesia em silêncio
como sendo árvore
Adeus, Poesia
I
adeus, Poesia
não vês
que o fim te bate a porta?
só os raros ainda vivos
não pensam
que tu estás morta
II
Poesia
não serves para nada
sempre foste muito
para ser (f)útil
sábia demais
para os sermões
e alta
entre os anões
III
da tua última carta
mais ninguém
abrirá o selo.
melhor assim...
o que verdade
(agora)
antes morrer
do que dizê-lo
IV
adeus, Poesia
abandonas o mundo
para ir com a alma
que abandona os homens
e isto ficará escrito
em sangue
e espírito
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O Homem Que Não Muda
com a muda de árvorenas mãos miúdasespera o homem(que nunca muda)mudar o mundo o homem que não-mudaentre a merda e o medo e a poesia mudacomo quem observaum mortocomo sendo gravea poesia em silênciocomo sendo árvore...
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Adeus, Poesia
I adeus poesia! não vêsque o fim te bate a porta?só os ainda vivosnão pensamque tu estás morta II poesianão serves para nadasempre foste muitopara ser (f)útil sempre foste sábiapara sermões sempre foste altaentre os anões III da tua cartaninguém...
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Da Poesia Viva
a poesia viva não nasce da letra morta das teorias do verbo putrefato dos manuais dos sermões miasmáticos dos acadêmicos a poesia viva nasce das letras axiomáticas das estrelas gravadas no livro infinito do infinito das palavras sussurradas pelo...
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Poesia Velha
gata de canto holocáustico de coruja pingando na geada: minha poesia velha é lâmina de espada desembainhada gota de choro noctívago de neve exaurindo-se a luz: minha poesia velha é tigre esfomeado arrebatando cruz Goethe de destino fáustico de frio...
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Poema Farto
estou farto de poeminhas sintéticos de besteirinhas minimalistas de piruetazinhas intelectuais que falando pouco não dizem nada que o dizer da poesia é o sentir e eu já não sinto nada em tantos cortes de palavras que podaram a alma e caparam o coração...
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