Do Pessimismo e Da Indiferença
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Do Pessimismo e Da Indiferença


“Pouco me importa.
Pouco me importa o quê? Não sei: pouco me importa.”

Fernando Pessoa

Por favor, não venham procurar ler coisas que não digo. Muito menos, venham querer dizer-me coisas que não quero. Quem disse que preciso saber do que é sabido ou que alguma coisa ainda precisa ser dita? Ou ensinada? Ensimesmada? Não há nada ali. Nem aqui. Por que insistir em ver uma luz no fim do túnel? Nem túnel existe. Só poço.

O poço da miséria humana. Por acaso achas que saíste dele? Sinto muito. Eu sou assim mesmo. Eu digo estas coisas chatas, antipáticas, que ninguém quer ouvir, ou melhor, ler. Detesto hipocrisias. Mas todos somos hipócritas. Não é mesmo, leitor? Nem sei por que estou escrevendo isto. Há momentos e há momentos. Este momento é de escrever isto. Dessa forma. Nesse tom. Negro, como o U de Urubu. Ou o U seria roxo? O U é sempre sombrio... Por isso, ele é a vocal principal de Futuro... Aposto que ninguém percebeu esse fato lamentável...

Aliás alguém percebeu alguma coisa? O que quer que seja? Alguém percebeu? Não, nunca ninguém percebe nada, é sempre tudo igual, tudo insuportável, tudo absolutamente monótono, imbecil, hediondo. Nada muda diante dos olhos carcomidos do homem, onde os vermes da apatia, da subserviência, da submissão, do riso imundo e degradante fizeram eterna morada. Risos fedorentos lançados aos ares miasmáticos do fundo do seu poço individual. Há uma luz no fim do poço. Um fogo-fátuo dança ali em sua valsa mefistofélica sempiterna. Que se danem! Danemo-nos. A Danação de Fausto.

Requiem aeternam dona eis, Domine! E os teus olhos? Onde estão os teus olhos? Céus! mas onde estão os teus olhos, os teus olhos tão belos? Por que eu deveria esperá-los? Lux Aeterna! Sim, tudo está bem. Não se preocupem com nada, afinal, o que é um beijo para quem está abraçado? Os senhores não concordam? Odeiam-me? Ótimo, mas odiar é uma perda de tempo, pois nunca se odeia como se gostaria de odiar, o ódio é sempre insuficiente. Já o amor, o amor basta. Por isso não temos nenhum.

Viram como nada muda? Como diria Drummond, sempre haverá uma pedra no meio do caminho. E ruas sempre esburacadas. Sempiternas. O que há no caminho da humanidade? As pedras das paredes do poço. Alguém viu no Jornal Nacional quantos hectares foram desmatados este mês na Floresta Amazônica? Por favor, se alguém sabe, diga-me, vou jogar na loteria. Quem sabe, ganho. Ah, não posso, eu sou pessimista, já sei que não vou ganhar. Por isso, também não espero que alguém leia meu próximo livro. Sei que ninguém vai ler. Aliás, quem é que lê alguma coisa. É tudo mentira, não lêem nada. Lêem coisa nenhuma. Se fazem. Isso, errado mesmo. Ah, lembrei, eu sou um errado. E acho que erraram nas contas, hein! Nesse ritmo, a Floresta Amazônica acaba antes. Vou comprar uma cadeira feita com madeira de lá, para ficar de recordação de suas árvores. Será que vem com um sagüi junto?

Já chega, basta de ironias. Tu não vieste. Não vieste. Eu te busquei enlouquecido e tu não vieste. Agora, Brahms, é o que resta. Sou triste, graças a deus. Deus. Só o que sei é que há pouco passou um louco montado em um cavalo de sangue. Belo cavalo, mas sangrou minha roupa com seus olhares, olhos de cavalo deveriam nos dar medo. Deveriam... E dão. E o cavalo passou agora, de madrugada. Ele me olhou, e eu reconheci seu rosto. Anda a solta. E o cavaleiro é tão jovem, já louco. “Tua febre que nunca descansa,/ O delírio que te há de matar!” Álvares. Os idiotas pensarão que é o Pedro Cabral. Não sei como deixam aquele louco assim. Um sopro nuclear correu atrás dele, vasto, claro, branco, luminoso, simpático, alegre, feliz. Vocês tinham que ver como o sopro nuclear sorria, lindo! Eu me emocionei. Eu chorei, para falar a verdade. Choro com facilidade, sou imbecil, sensível, romântico. Eu chorei. Eu sou. Aliás, “Fui tudo. Nada vale a pena.” Fernando Pessoa




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