ETERNA ESCALADA
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ETERNA ESCALADA


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Margarida Cepêda, Solo mineral para violino
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Quando começaste a enfrentar a montanha, jovem potro em constante esquiva,  ainda não domavas o vigor que te atravessava a pele. Tudo parecia eterna primavera.
À medida que subias foste aprendendo a olhar, a bordar espaços recônditos da alma. Não bordavas, tu sabias, limitavas-te a abrir, ainda que a medo, pequenas gavetas com chaves para outras gavetas.
Quando pensavas que o topo estava logo a seguir à próxima curva, descobrias que, afinal, tudo parecia mais longe. Mas teimavas, havia sempre uma gaveta por abrir.
Às tantas, sem fim à vista, sentiste que já não podias recuar. Nem querias, já tinhas entrado noutra dimensão. E, quase sem te dares conta, começaste a reparar na forma das pedras, na força do vento que as moldava. 
As gavetas, embora existindo, esbateram-se. Começaste a sentir cada músculo, cada pingo de sangue, cada molécula de oxigénio. As raras flores que ias encontrando, banhadas pelo mesmo sentir, eram a negação das gavetas com que iniciaste a subida.
Continuaste. Não sabias o que vinha a seguir mas, pela primeira vez, sentias que estavas preparado.
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