Nosso comentário:
Um belo poema de Fernando Pessoa que nos foi remetido por um leitor.
Divulgamo-lo não só por ser um belo poema mas também e sobretudo pela atualidade de que o mesmo se reveste.
Infelizmente para todos nós, é evidente que os tempos que atravessamos são de uma gravidade extrema que ainda por cima não têm gente à altura de lhes fazer face.
Políticos que ganham milhões a viverem à grande e à "francesa" (leia-se "alemã") a deixarem viver à grande e à francesa quem mais tem, ou seja, os mais poderosos.
Os sacrifícios pedidos pelos tais "milhionários" do poder são cada vez mais exigentes e onerosos, e são justamente distribuídos pelos que menos têm ou por aqueles que pautaram toda uma vida de trabalho e/ou de abnegação a juntar qualquer coisa de seu e que lhe vêem espoliado/roubado pelas erradas políticas da governança.
Um país irreconhecível este nosso Portugal.
Uma atualidade sonsa, sem rumo, sem lideranças credíveis, responsáveis, honestas... exatamente por isso, achei os versos de Fernando Pessoa de enorme utilidade.
Ao menos lendo os versos, o que parece intuir-se da sua leitura, é que também ao tempo desse enorme poeta português as coisas neste nosso Portugal também não andariam grande coisa.
Uma tal constatação do poeta, embora nos relembre que dificuldades sempre as houve, está longe de resolver nossos problemas de agora, apenas pode aliviar um tanto uma triste sina e uma alma sem chama regressadas.
Fiquem bem, António Esperança Pereira
http://lusito.bubok.pt/
NEVOEIRO
Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,
define com perfil e ser
este fulgor baço da terra
que é Portugal a entristecer
brilho sem luz e sem arder,
como o que o fogo-fátuo encerra.
Ninguém sabe que coisa quer.
Ninguém conhece a alma que tem,
nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro
Tudo é disperso, nada é inteiro...
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...
É a Hora!
(Fernando Pessoa-A Mensagem)
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