Freira acusada por roubo de bebés recusa falar

A freira Maria Gómez Valbuena, acusada num tribunal espanhol que está a investigar o caso do roubo de crianças que eram entregues a outras famílias, recusou-se esta quinta-feira a prestar declarações perante o juiz, saindo escoltada do edifício.

A freira, chamada a prestar declarações no tribunal de instrução 47 de Madrid "acolheu-se ao seu direito a não falar, permanecendo assim imputada neste processo".

"O magistrado instrutor, Adolfo Carretero Sánchez, continuará com a investigação judicial, com novas diligências", referiu a fonte judicial.

Perante a forte atenção mediática do caso, a freira acabou por sair do edifício do tribunal escoltada por vários agentes.

Conhecido como o processo das "crianças roubadas", o caso insere-se numa polémica denunciada por milhares de mães em Espanha que acusam responsáveis religiosos e médicos de lhes terem roubado bebés à nascença.

Freiras, padres e médicos simulavam a morte das crianças no parto entregando depois as crianças, muitas vezes a troco de dinheiro, a outras famílias.

Os casos começaram a merecer grande atenção mediática depois de várias mães terem conseguido reencontrar-se com os seus filhos, que julgavam mortos.

Especificamente neste caso, a freira de 80 anos, que vive num convento das Irmãs da Caridade em Madrid, é a primeira acusada a ser chamada por um juiz depois da denúncia da procuradoria espanhola, que investigou uma queixa de Maria Luisa Torres.

A mulher acusa a freira de lhe ter roubado a filha que nasceu em março de 1982 na clínica madrilena de Santa Cristina, onde a religiosa era então assistente social.

No passado dia 3 de abril, Maria Luisa Torres disse ao tribunal que a freira lhe tinha tirado a filha por a considerar "adúltera", já que o pai da criança não era o seu marido, alegando que o bebé tinha morrido no parto.

Há meio ano, Torres e a sua filha, Pilar, conseguiram reencontrar-se comprovando a sua relação com testes de ADN.
Jornal de Notícias