Textos e Mensagens
O Genial e Maníaco-Depressivo Schumann Teve Uma Vida Trágica
Robert Schumann, nascido em 08 de junho de 1810, em Zwickau, na Alemanha, é um dos compositores mais importantes para o desenvolvimento do Romantismo musical. Comemoramos este ano o seu bicentenário de nascimento. Sendo um dos herdeiros diretos da revolução beethoveniana, serviu de influência para compositores que o superaram, principalmente Brahms, o qual era amigo pessoal do compositor. O jovem Brahms recebeu um forte estímulo de Robert e Clara Schumann (sua esposa), sendo saudado por ambos como “o gênio prometido do Romantismo”, no que eu concordo.
Apesar de Brahms ser amigo pessoal de Schumann, não pôde evitar de se apaixonar por sua talentosa esposa, exímia pianista e também compositora, 14 anos mais velha que Brahms. Amigos amigos, amores à parte... Tanto Schumann quanto Brahms eram apaixonados por Clara. Mas Brahms sempre respeitou seu amigo e manteve em segredo seu sentimento, pelo menos até a morte de Schumann, em 1856, com apenas 46 anos. Depois de sua morte... bem, aí entramos no terreno das conjecturas, não se sabe bem ao certo o que realmente ocorreu com Brahms e Clara, o certo é que não casaram nem namoraram. Fora isso... não sei. Teriam, como se diria hoje em dia, “ficado”?
Mas falemos de Schumann... Para não fugir à regra dos românticos, Schumann teve uma vida trágica. Na juventude, apaixonou-se perdidamente por Clara Wieck, mas teve que penar vários anos para obter a permissão do rigoroso pai da moça para o casamento. Ele não queria que Clara casasse com um artista depressivo. No que estava coberto de razão. Casar com artista já é ruim, imagina com um com tendências maníaco-depressivas...
Após o casamento, inspirado, Schumann passou a compor muito. Mas suas obras não tinham muito reconhecimento. O compositor alemão era um revolucionário, opondo-se ao ensino academicista da época. E isso nunca é bem-vindo. Clara era mais reconhecida como pianista do que ele como compositor. O fato constituiu para Schumann uma nova fonte de torturas. E ele não podia mais ser pianista. Em sua juventude, devido a severos e absurdos estudos ao piano, perdeu parcialmente o movimento de uma das mãos, encerrando prematuramente sua carreira como pianista. Talvez isso tenha sido excelente para a humanidade, pois assim pôde se dedicar exclusivamente à composição. Vale lembrar que Schumann, na juventude, viveu um sério dilema: ser poeta ou compositor? Sentia-se vocacionado para ambos. Amava tanto a música como a literatura. Assim como eu. A sorte dele é que pôde escolher. Eu não. Tive que ser poeta, e olhe lá.
E é devido a esse talento literário que Schumann conseguiu criar uma das mais perfeitas e equilibradas coleções de lieder da música clássica (pois o lied nada mais é que a união de música e literatura), onde o texto poético é expresso pela música com absoluta maestria. Porém, os lieder não são a parte da obra de Schumann que mais admiro, mas sim sua música de câmara. Seus quartetos, trios e sonatas são para mim o que há de melhor em Schumann. Se nas sinfonias, na ópera a até mesmo nos concertos (excetuando o para violoncelo, que é sublime) o compositor deixa um pouco a desejar, na música de câmara é um mestre, ao qual muito deve Brahms e outros românticos. O caráter trágico, melancólico, apaixonado de suas composições no gênero deixou páginas memoráveis, como o quarteto para cordas nº 3, op. 41, o trio op.110, o quarteto para piano op. 47, cuja melodia tema do 3º movimento é de um romantismo tão intenso que parece que sentimos o perfume das rosas em uma melancólica noite enluarada.
Mas como disse, Schumann teve uma vida trágica. Era maníaco-depressivo, e sentiu que enlouquecia. Passava as noites em claro tendo terríveis visões e ouvindo sons absurdos. Dizia que anjos e demônios lhe ditavam melodias. Quando percebeu que estava dessa forma fazendo sofrer sua numerosa família, e após uma tentativa de suicídio, ele mesmo decidiu se internar em um sanatório. E lá, o gênio musical de Schumann faleceu em sua loucura.
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