Textos e Mensagens
O Gênio Maldito Arthur Rimbaud abandonou a poesia e foi traficar armas. E fez muito bem.
Nascido em 1854, na França, Rimbaud, um dos maiores gênios poéticos da história da humanidade, criou toda sua obra entre os 15 e 20 anos de idade. Obra absolutamente fenomenal. Revolucionou a literatura, partindo do simbolismo de Baudelaire, Rimbaud anunciou o irracionalismo e o surrealismo, foi um dos criadores da poesia moderna, influente até os dias de hoje. E com uma obra criada na adolescência. Ele via coisas que ninguém via. E soube como raros expressar as suas visões em palavras de loucuras, alucinações e delírios.
Depois disso, abandonou tudo para viajar pelo mundo, não a passeio, mas a loucura, e sua vida se transformou num mito. Não quis mais saber de escrever. Estava certo. Para quê? Ele já tinha feito mais do que suficiente. E para que perder mais tempo com poesia? Se bem que até tem certa utilidade. Para se postar no twitter, por exemplo. Mas Rimbaud queria provar para seus pais que era um cara sério, e não só um poeta. Foi tentar enriquecer na África. Depois que o acusaram injustamente de homossexualidade. Ele não era. Pelo menos não há nenhuma prova de que o fosse. Pelo contrário. Só se conhecem ligações de Rimbaud com mulheres. Teve um caso com uma viúva italiana e depois casou com uma etíope. Dizem que seu amigo, Verlaine, era bissexual. Porém, Verlaine afirmou que foi tudo invenção da mulher dele. Bem, aí eu já na sei. E também, se Rimbaud fosse homossexual, sua obra continuaria a mesma.
Toco no assunto, porque já inventaram muita coisa sobre Rimbaud. Inclusive que ele teria feito tráfico de escravos na África. Comprovou-se que foi uma calúnia. No entanto, é verdade que traficou armas no continente africano para ganhar algum dinheiro. Como já disse, ele queria provar a seus pais que era um homem sério capaz de ganhar dinheiro e enriquecer. Não trabalhando. Poetas são seres vagabundos. Não gostam de trabalhar. Aliás, quem é que enriquece só trabalhando? Como diria Balzac: “Por trás de toda grande fortuna, há um crime”. É, traficou armas, mas não foi muita, não. Não conseguiu enriquecer.
Mas ele não fez só isso em suas andanças delirantes. Andando por toda Europa e parte da África e da Ásia, aprendeu diversas línguas, aprendeu a tocar piano, tentou se alistar na marinha americana, fugiu da polícia, foi catador de destroços, teve que amputar uma perna e acabou contraindo febre tifóide. Morreu com 36 anos. De uma vida vivida intensamente.
O que fez Rimbaud abandonar a poesia, para a qual era tão espetacularmente dotado, e ir traficar armas? Não, não foi só o desejo de mostrar aos pais que ele poderia ganhar dinheiro. Abandonou a poesia porque era poeta demais. Porque sentia demais. Ele simplesmente não sabia mais o que dizer. Dizer como? Para quem? Para quê? Se o que ele escreveu na adolescência já era incompreensível para o seu tempo, o que seria a sua criação da fase adulta? Não, Rimbaud não tinha mais nada o que escrever. Desiludiu-se com tudo, com a humanidade principalmente, e foi tentar ganhar dinheiro. Não, foi tentar viver. Chegou àquele ponto em que não se agüenta mais nada e que nada mais serve, tudo é miseravelmente pouco. Decidiu então ir para longe da mediocridade dos que tentam julgar e determinar o que não se pode: a poeta e a poesia. Alguns gênios malditos quando chegam ao ponto de Rimbaud, suicidam-se, viciam-se em alguma coisa, venenosa, de preferência, tornam-se ocultistas, saem a cometer as coisas mais abomináveis diante do julgamento medíocre dos olhos da sociedade hipócrita. Rimbaud foi traficar armas e encontrar a morte em meio ao horror.
Nenhum reles humano tem permissão de o julgar. Quem já leu “Uma Temporada no Inferno” sabe disso.
“O poeta é o grande enfermo, o grande delinquente, o grande proscrito e o maior dos sábios.” Arthur Rimbaud
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