Textos e Mensagens
O Meu 33º Assassinato (Parte 5)
Conheci minha primeira vítima através de um de meus primos, era um seu colega de trabalho, daqueles homens arrogantes irritantemente insuportáveis. Antes de conhecê-lo, já havia decidido de forma definitiva, há semanas, que iniciaria minha senda de crimes, apenas aguardava qual seria a primeira vítima, aquela para a qual eu pudesse direcionar toda a violência luciferina do meu ódio. Não direi que, antes de tomar essa extrema decisão, não tenha tido ataques de consciência, que não tenha titubeado... Sim, o fiz, e, então, pensei em Deus.
Havia duas possibilidades. Ou Deus existe ou não existe. Se existe, deve ser justo e misericordioso. Sendo assim, saberá entender, talvez até perdoar, tanto os meus assassinatos quanto o uso da magia negra para melhor executá-los. Verá o quão justos seriam os meus atos homicidas. Além do mais, entenderá o quanto fui empurrado para o crime pelos próprios homens, por toda a humanidade. Aqui, lembro daquela frase de Brecht: “Dizem que são violentas as águas de um rio que tudo arrastam; mas não dizem que são violentas as margens que o aprisionam.” Isso, Deus, se existe, saberá entender, ainda que os homens não entendam. Mas, se Ele não existe, bem, então, nesse caso... Por que não deveria matar, se eu estava certo que a “justiça” humana jamais me pegaria?
Mas, como dizia, esperava ansioso por minha primeira vítima, e a encontrei. Aquele imbecil que se julgava autossuficiente era perfeito para ser odiado. Devo esclarecer que a questão de odiar supremamente para matar não era apenas uma escolha pessoal, embora também o fosse. A prática de magia negra que eu realizaria no instante do homicídio, para resultar em sucesso, exigia que o assassino odiasse verdadeiramente sua vítima. Ah, e como eu odiava aquele idiota... Necessitei exercer a um nível extremo o meu autocontrole e a minha frieza para não o matar antes de me tornar seu falso amigo, e assim pôr tudo a perder.
Minha primeira vítima era um ser realmente desprezível. Possuía dinheiro e muita cultura, um excelente emprego, uma ótima reputação na sociedade. De modo que se julgava o melhor dos homens. Acreditava fanaticamente ter razão em tudo o que dizia. Aliás, a razão, a verdade, para ele, era sua propriedade privada. E ai de quem discordasse. E, diga-se de passagem, foi assim que me tornei seu melhor amigo. Nunca discordava dele. Hipocritamente, eu confirmava todas suas rançosas ideias, opiniões livrescas, conceitos medíocres, preconceitos eivados de uma falsa sabedoria , enfim, eu limitava-me a declarar: “aham, tu estás coberto de razão!” Para que eu discutiria? Primeiro, que nada modificaria suas certezas, segundo, que meu objetivo era matá-lo, não empurrar doutrinas goela abaixo.
Ah, e como o mataria com prazer, aquele sábio de araque, que se acreditava superior a todos os outros, um pavão disfarçado de monge franciscano, gotejante de orgulho, querendo aparentar humildade e simpatia, quando, na verdade, bastava mirar em seus olhos para se perceber a viscosa vaidade que o arrastava. Andava sempre com um oblíquo sorriso no canto da boca, derramando superioridade e autossuficência vazias, com a mente abarrotada de teorias inúteis, sem nem saber as causas do seu próprio sofrimento, julgando ter a solução para todos os problemas da humanidade, quando não tinha nem a solução dos seus. Desejava que todos pensassem como ele, pois, fora de suas ideias, não podia haver nenhum outro pensamento válido, e ironizava, inchado de soberba, aqueles que pensavam diferente. Ah, só eu sei o prazer imenso em que me deleitei quando coloquei a pistola na sua testa e fitei os seus olhos de parvo implorante...
(Amanhã, a parte 6)
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O Meu 33º Assassinato (parte 9 - O Final)
Os dias passavam sombrios e angustiados, e eu principiei a odiar a minha amada. Sim, minha mente me convenceu de que o amor que ela dizia ter por mim ou era uma farsa ou estava com seus dias contados. De qualquer forma, seria absurdo alimentar tal sentimento....
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O Meu 33º Assassinato (parte 8)
O homem vive como um pêndulo, ora oscilando para o mal, ora para o bem. Com qualquer ser humano é assim. A diferença são as extremidades que o pêndulo atinge. Alguns atingem o máximo, como foi o meu caso. A maioria das pessoas permanece em oscilações...
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O Meu 33º Assassinato (parte 7)
Na manhã do 4º dia após meu primeiro assassinato, acordei-me com a sensação de que não estava só. Permaneci todo o dia com essa mesma sensação, sabia que essa “companhia” deveria ser a alma da minha vítima. No princípio da noite, julguei...
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O Meu 33º Assassinato (parte 6)
Matei-o alguns meses depois do início de nossa “amizade”. Necessitei de uma paciência de Jó para suportar todo esse tempo fingindo concordar com todas suas baboseiras intelectualizadas. Aconteceu em uma noite sem lua, como quase todos os meus assassinatos....
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E Aponto A Arma Para A Minha Cabeça (cap.final)
Enfim, eu havia vivido e praticado todas, ou quase todas, as maldades possíveis, sempre me alimentando das sombras negras que eu absorvia dos olhos de todas as pessoas com as quais eu entrava em contato. A humanidade é uma fonte infinita de tudo o que...
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