.Fotografia de AC
..Nem sempre estás, a vida, aos teus olhos, é demasiado exigente. Quando, por vezes, correspondes ao toque da campainha, a configuração do horizonte já tudo transfigurou. Sentes, como eu sinto, que tudo o que nos rodeia, para seguir em frente, não espera por ninguém. Por isso te maravilhas, em tempo de pausa, no observar das plantas, por isso te espantas, em aparente sobressalto, quando elas invadem o que, negligentemente, parecia teu.
Sentamo-nos. O ilusório sentido de posse vem à baila, em subtis acordes minimais, o exemplo das plantas é quadro omnipresente. Olhamos mais do que falamos, as imagens falam por si. O sorriso, à laia de apaziguamento, acaba sempre por brotar.
Levantamo-nos, contornamos a casa e, por momentos, detemo-nos na avalanche de folhas, qual tapete multicolor, que vai adornando o caminho. Aqui e ali, contudo, a onda verde, agora quase adormecida, não trava a sua marcha. Ambos sentimos, ambos percebemos, as palavras nada acrescentam. Sabes, como eu sei, que o lugar de cada um, no mundo, não é traçado a régua e esquadro, requer percepções complexas que, no final, induzem à simplicidade.
Quando, de novo, nos sentamos, acabas por surpreender. Hoje não embarcas em jogos de palavras, limitas-te, após pausa apaziguadora, a invocar a memória do teu avô que, sentado na sua cadeira de patriarca, em pose de estudada gravidade, nunca se cansava de dizer que a vida era simples, nós é que a complicávamos.
Sorrimos, trocamos aparentes vulgaridades, chegamos mesmo a gargalhar. O teu avô, se nos visse, confortavelmente sentado na sua cadeira, não deixaria de sorrir.
Amanhã, quando partires, de novo, para a azáfama da grande colmeia, não te esqueças de levar contigo a serena linguagem das plantas.
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