Poema Catastrófico nº5 – Sem Saída*
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Poema Catastrófico nº5 – Sem Saída*


não tenho culpa
se sou um
morro
e minha
água
lava
e leva
e mata
a leva
dos que levaram
a minha
mata

um dia fui só
mata-atlântica
e alegria de araras
hoje sou só
chuva-cáustica
e maresias amaras

há muito tempo
aqui estou
sem saída
e para lado algum
eu corro...

os humanos
sem saída
correm
e morrem
vindo até mim
e eu
deslizando ao fim
morro...

*Poema para a maior catástrofe climática da história brasileira, que deixou mais de 500 mortos, vítimas dos deslizamentos de terra provocados pelas enchentes na região serrana do Rio de Janeiro.



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