“A minha pátria é a língua portuguesa”, escrevia o heterónimo de Fernando Pessoa, Bernardo Soares, no “Livro do Desassossego”. Esta citação encerra em si mesma uma oportunidade para a revitalização da economia portuguesa, tendo em conta o enorme potencial que confere a dimensão da lusofonia e da diáspora pelo mundo. Este estudo da autoria da Espírito Santo Research – Research Editorial parece partir desta citação para demonstrar as inúmeras possibilidades que a Língua Portuguesa pode proporcionar às empresas que querem exportar os seus produtos.
“Pátria” de 254 milhões De acordo com o estudo “Economia Portuguesa e a Lusofonia (cuja apresentação teve lugar em primeira mão no I Congresso Mundial de Empresários das Comunidades Portuguesas e Lusofonia, que decorreu entre 29 de Fevereiro e 1 de Março no âmbito do 42º aniversário do jornal Mundo Português), somos 254 milhões de pessoas a falar português em todo o Mundo.
Estimando o potencial da CPLP – Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (a Espírito Santo Research – Research Editorial tem em consideração, além dos países-membros – Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste – também os dados relativos à Guiné-Equatorial (em processo de adesão) e Macau), a Língua Portuguesa representa um PIB de 1.857 mil milhões de euros ou seja 4.3% do PIB mundial, sendo ainda responsável por 2% do Comércio Internacional Mundial: 441.9 mil milhões de euros.
Tal como é reforçado neste estudo, a língua, como característica inovadora, exerce um forte impacto nas economias a vários níveis, nomeadamente, na dinamização das trocas comerciais, na promoção da globalização empresarial, no desenvolvimento das relações políticas e sociais, no intercâmbio de ideias, e no fluxo de pessoas. Desta forma, Portugal, que movimenta um PIB de 170 mil milhões de euros, pode, através da proximidade linguística e cultural, aproveitar um potencial que representa onze vezes mais o nosso Produto Interno Bruto.
Português: vantagem competitiva
A língua portuguesa e a presença de comunidades portuguesas no exterior constituem importantes activos ao dispor do tecido empresarial português, conferindo-lhe vantagens comparativas muito relevantes na abordagem a mercados que hoje beneficiam de forte crescimento e potencial de projecção sobre áreas regionais adjacentes.
Desta forma, a expressão mundial da língua portuguesa (referente aos países com português como língua oficial e aos países com relevantes comunidades portuguesas), de acordo com os dados de 2010, traduz-se num PIB de 1.979 mil milhões de euros (4.6% do PIB mundial), 441.9 mil milhões movimentados no comércio internacional (2% do comércio internacional mundial), gerados por 253.7 milhões de pessoas (3.6% da população mundial).
Diáspora: trunfo económicoConcentrando o âmbito do estudo relativo à “Economia Portuguesa e Lusofonia” ao nível da diáspora, a Espírito Santo Research – Research Sectorial revela que a diáspora portuguesa representa uma população de 4.9 milhões (0.1% da população mundial) e movimenta um PIB de 133 mil milhões (1.9% do PIB mundial).
Assim, as comunidades portuguesas, cerca de 4.9 milhões de portugueses emigrantes e luso-descendentes espalhados no mundo (equivalente a 46% da população residente em Portugal), são também um importante activo. Tal como salienta este estudo, estas comunidades portuguesas projectam os negócios nacionais e potenciam a aproximação a mercados dinâmicos e em crescimento sendo que, ao nível das exportações, os últimos três anos confirmam um crescente interesse destes países pelos produtos portugueses.
De acordo com os dados referentes ao comércio internacional, o Centro de Estudos e Estatística do SISAB Portugal verifica crescimentos significativos nas importações de produtos portugueses por parte dos países tidos em conta para o estudo (consideram-se as comunidades superiores a 15 mil portugueses). Se tivermos em conta apenas os países fora da Europa, destaque para os Estados Unidos da América que importou mais 486 milhões de euros de produtos portugueses (em comparação com 2009), reforçando em 2011 o valor da importação para 1.498 mil milhões de euros.
Destes países com mais peso no que concerne às comunidades portuguesas, Angola é o maior importador de produtos portugueses com 2.335 mil milhões de euros importados em 2011, um valor que cresceu 422 milhões de 2010 para 2011. O Brasil é o terceiro maior importador neste universo com 585 milhões de importações de produtos portugueses, um valor que cresceu 291 milhões de euros desde 2009.
Para esta conclusão, os autores dos estudos consideram as comunidades espalhadas pelo mundo superiores a 15 mil portugueses, bem como dados da ONU, FMI e Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas. Estas informações foram recolhidas tendo como base os seguintes países: Canadá, Estados Unidos da América, Venezuela, Brasil, Argentina, Reino Unido, Bélgica, França, Espanha, Alemanha, Luxemburgo, Suíça, Angola, África do Sul, Moçambique, Índia, Macau e Austrália.
Exportações em “português” crescemA forte ligação de Portugal aos países de língua portuguesa é evidenciada também pelo volume de exportações de bens para estes países que, entre 2006 e 2011, apresentaram um crescimento médio de 14.8% (que compara com 3.5% para o mundo).
As exportações portuguesas de bens para países de língua portuguesa chegam a 3.6 mil milhões de euros e representam 8.4% do total de exportações, um número com tendência para crescer tendo em conta o crescimento recente das exportações portuguesas para fora da Europa. Baseando-se em dados do Banco de Portugal, a Espírito Santo Research revelou ainda a taxa de crescimento média anual de 2006 a 2011 das exportações de produtos portugueses dos países / territórios de língua oficial portuguesa.
Beneficiando de um sustentado crescimento económico nos últimos anos, Angola cresceu anualmente 14.1% de 2006 a 2011 e no mesmo período, o Brasil tem evoluído 18.1% anualmente.
Destaque também para um crescimento significativo de Moçambique no mesmo período (24.2% por ano) e Guiné-Bissau (18.9% por ano).
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Em tempos bem difíceis para Portugal, numa Europa que tarda em dizer o que quer, nada melhor do que injetar um pouco de "razão de ser" da existência deste POVO QUE NASCEU NO EXTREMO OCIDENTE DA EUROPA.
Povo que, quanto a nós, doa a quem doer, nasceu para ficar. Se chegámos aqui "entre perigos e guerras esforçados", como escrevia o poeta, havemos de continuar. Hão-de calar-se os atuais "velhos do restelo", havemos de passar o "cabo das tormentas" dos dias que vivemos em revolta, urdido por entidades alheias ao nosso querer, com desígnios ainda por esclarecer.
É um artigo que, de certa maneira descansa aquele leitor mais dado às coisas dos dinheiros, à economia, ao imediatismo da vida, ao impulso de um negócio.
Esse leitor muitas vezes se interroga um pouco por desconhecimento na sua formação, ou também sem refletir qb sobre o assunto, nos seguintes termos:
"afinal esta história de haver gente que quer defender a língua portuguesa, isso serve para quê? "
Infelizmente, alguns mal informados lusos ainda pensam que, isto de falar em defender a "Língua Portuguesa" é coisa de escritores, de intelectuais, de poetas, de artistas, de emigrantes, de, de...
Mas não é bem assim. Não é mesmo nada assim.
Lendo este artigo publicado no jornal "Mundo Português" a que dá destaque o boletim mensal do OLP (Observatório de Língua Portuguesa) o leitor perceberá porquê.
Fernando Pessoa afirmou que a sua Pátria era "A LÍNGUA PORTUGUESA". Nós acrescentamos: Fernando Pessoa era um poeta. Fernando Pessoa sabia o que dizia, Fernando Pessoa era um génio. Oxalá seja cabalmente compreendida esta sua mensagem com tanta atualidade nos difíceis dias que vivemos.
Para não descambarmos, portugueses de agora, a soldo de uma qualquer voz de comando que, eventualmente nem é de comando, nem sabe o que diz, e nos conduza a um vazio, a um beco sem saída, a um abismo.
Aconselhamos todos aqueles que se interessam por estes temas a passar pelo link do OLP (Observatório de Língua Portuguesa)
Vale a pena, pela informação de qualidade que encontrará.
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