Nosso comentário:A indignação do povo português começa a ser sufocante. Os discursos sucedem-se, os protestos também, o formato e o estilo de governação já não enganam ninguém.
Nem sequer aqueles que ainda apostam na possível sobrevivência de uma sociedade democrática como o tem sido até agora.
Classes médias derreadas, achincalhadas, violentadas, vidas destroçadas, emigração e pobreza, repressão outra vez no país de Abril.
Neste momento não há democracia.
Apenas há restos de democracia.
São mesmo homens e mulheres mediáticos moderados que o afirmam, são cidadãos anónimos que o sentem.
São poetas, humoristas, artistas, escritores, homens e mulheres de todos os setores de atividade, que dão largas a uma imaginação de crítica severa como não se via desde os tempos da ditadura.
Não é preciso ser-se inteligente para se tomar conta da burrice e borrada em que estamos metidos.
Li o discurso do próprio general Ramalho Eanes, um militar de Abril, depois Presidente da República, moderado como sabem, ele próprio incomodado, indignado com a fome entre as crianças, a pobreza instalada em Portugal.
A dificuldade que os poderes instalados têm de explicar devidamente o porquê de tanta e tamanha austeridade.
Tanta e tal prepotência sobre as populações e os seus direitos, numa democracia que foge e que se deseja ver aprofundada.
O general Eanes compreende, pois, a indignação crescente dos portugueses.
Atacam-se as pensões dos mais velhos, famílias inteiras procuram sustento e trabalho no estrangeiro. Crianças passam fome, o governo, em vez de criar empregos, acena com práticas de voluntariado, mostra crianças com fardas (que só por acaso não são da Mocidade Portuguesa) praticando boas ações.
Regride-se a olhos vistos num autêntico magusto oferecido ao povo com chama apagada sem vinho nem castanhas, um magusto em pinhal de antanho, eivado de cogumelos venenosos.
Só para os mandantes fica o chispe, o caviar e o champanhe.
Até quando?
PS. Deixo abaixo, inspirado na indignação que retirei das palavras do general Ramalho Eanes, militar moderado mas PORTUGUÊS, o anúncio que é público de um protesto das Associações Profissionais de Militares, marcado para a data da votação do Orçamento, 27 de Novembro.
Fiquem bem, António Esperança Pereira
http://lusito.bubok.pt/
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Orçamento do Estado para 2013 - Iniciativas das APM no dia 27 de Novembro
No dia 27 de Novembro, as APM darão cumprimento à Resolução aprovada na Concentração e Desfile da Família Militar do passado dia 10 de Novembro, que se transcreve:
CONCENTRAÇÃO E DESFILE DA FAMÍLIA MILITAR
10 de Novembro de 2012
RESOLUÇÃO
Considerando as duríssimas medidas que já estão e que o governo pretende que continuem a ser impostas aos portugueses, em geral, e aos Militares, em particular;
Considerando que essas medidas são apresentadas como a consequência de uma situação para que os Militares e a esmagadora maioria dos seus concidadãos em nada contribuíram e quanto à qual parece não haver vontade de apontar os verdadeiros e únicos responsáveis;
Considerando que essas medidas consubstanciam graves e nefastas consequências, quer na degradação dos direitos que servem de contrapartida ao vasto leque de restrições e deveres a que estão sujeitos os Militares, entre os quais avulta o do sacrifício da própria vida, se e quando necessário, quer na própria Instituição Militar, promovendo as suas progressivas descaracterização e desarticulação, pondo em causa a efectiva capacidade de resposta nomeadamente às missões de interesse público;
Considerando que os governantes apontam aos portugueses a inevitabilidade das medidas, sem lhes darem qualquer sinal de que podem ter esperança no futuro;
Considerando que se desenvolvem pressões que vão no sentido de, na Segurança Interna, ser atribuído um papel aos Militares que vai muito para além do que a Constituição permite;
Os milhares de participantes na Manifestação da Família Militar, sensibilizados e honrados com a solidariedade transmitida e o reconhecimento demonstrado não só pelos militares mas também por inúmeros sectores da sociedade portuguesa, decidiram mandatar as Associações Profissionais de Militares (APM) para darem corpo às seguintes iniciativas:
Porque é um imperativo das suas consciências, reafirmarem publicamente que as APM tudo farão para impedir a utilização dos Militares em acções que visem reprimir a expressão democrática das preocupações e indignação dos Portugueses e do seu correspondente descontentamento;
Sem esquecerem a solidariedade que é devida aos seus concidadãos, também eles a passarem por enormes dificuldades, promoverem, no futuro próximo, a sequência de acções ou diligências necessárias para que cessem as medidas que tão profundamente vêem afectando os portugueses em geral e para que os Militares vejam reconhecida, de facto, a dignidade dos seus direitos, no contexto do papel sem paralelo que desempenham na sociedade:
- Testemunharem com a sua presença, acompanhados por outros Militares que possam associar-se, a iniquidade das gravosas medidas contidas neste projecto de Orçamento de Estado, assistindo ao acto da votação final no dia 27 de Novembro, na Assembleia da República;
- Em seguida, no mesmo dia 27 de Novembro:
- Fazerem a entrega de um ofício ao Presidente do Tribunal Constitucional e de um outro ofício ao Provedor de Justiça, alertando estas entidades para a iniquidade e a injustiça das medidas de que estão e vão ser alvo por via orçamental, salientando a necessidade de ser avaliada a sua conformidade com a Constituição da República Portuguesa;
- Apoiarem a realização de uma vigília junto à Presidência da República, igualmente acompanhados por outros Militares que possam associar-se, apelando ao Presidente da República, que é também o Comandante Supremo das Forças Armadas, para não promulgar o Orçamento do Estado para 2013 e promover a fiscalização preventiva da sua constitucionalidade.
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