Tal como se forma um monte de neve quando há uma acalmia do vento, podemos dizer que, quando há uma acalmia da verdade, nasce uma instituição. Mas a verdade continua a soprar sobre ela e, mais cedo ou mais tarde, irá derrubá‑la.
Texto polémico e agitador de consciências, A Vida sem Princípios destila em cada uma das suas páginas, como gotas de «orvalho da verdade fresca e viva», a essência da filosofia rebelde de Henry David Thoreau. Proferida pela primeira vez em 1854, esta palestra de puro tom transcendentalista, que se cravava como um espinho na sociedade industrial e na vida sem princípios dos concidadãos de Thoreau, ecoa num presente em que o progresso desenfreado equivale a uma desumanização generalizada. Sem darem tréguas a falsas necessidades materiais, e pondo-nos de sobreaviso contra todas as instituições, estas linhas, tão breves quanto centrais no pensamento do autor, são uma leitura essencial para que não sejamos «casca e concha, sem nada de tenro e de vivo dentro de nós».
«Henry David Thoreau, filósofo, conferencista, paladino dos direitos civis, crítico do economicismo, pioneiro da ecologia e poeta, era um individualista, e as ideias que professava e que transmitia, sobretudo através das suas conferências, eram muito mais uma tradução de um modo de viver do que uma construção decorrente de uma reflexão filosófica abstracta. A sua filosofia consiste na maneira como vivia a vida, uma vida de espírito, voltada para o conhecimento e para o desfrute da natureza, e que rejeita o culto do trabalho e dos bens materiais.» (da Introdução)
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