"Mais de 800 milhões de pessoas morrem de fome no mundo. Infelizmente, na Alemanha também há pessoas com dificuldades financeiras, mesmo para se alimentarem (...) Acho que não podemos, aqui na Alemanha, deitar fora alimentos que estão bons", declarou Dirk Niebel, que é membro dos liberais-democratas do FDP, partido que é parceiro de coligação da CDU da chanceler Angela Merkel no Governo federal da Alemanha.
Esta é a primeira vez que um ministro se manifesta sobre o destino a dar aos produtos retirados. A sua ideia vai ao encontro de declarações feitas por Hartwig Fischer, deputado conservador que, para convencer os mais necessitados, fez-se fotografar num jornal a provar uma lasanha de carne de cavalo e a dizer: "É bom! (...) Não consigo ver diferenças em relação às outras lasanhas", explicou.
Ursula von der Leyen, ministra alemã dos Assuntos Sociais, membro da CDU, considerou, por sua vez, que este debate é "absurdo". E disse: "Quer sejamos ricos ou pobres temos o direito de saber o que comemos".
O escândalo da carne de cavalo começou no Reino Unido e na Irlanda, quando foi detetada carne deste tipo de animal em produtos que diziam conter apenas carne de vaca. Estendeu-se depois a outros países, com a Roménia a ser acusada de estar na origem da fraude. A Alemanha, tal como outros países da UE, teve que ordenar o reforço dos controlos de qualidade feitos a produtos para tentar despistar a presença de carne de cavalo nos mesmos.
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10 curiosidades sobre a produção de cavalos
1. A carne de cavalo é muito apreciada na Europa e na Ásia. No Brasil e em países tradicionalmente católicos, a carne já foi fortemente associada ao pecado. É que, por volta do ano 700, ela era muito consumida em festas pagãs. Por causa disso, a igreja católica proibiu seu consumo. Mesmo depois de liberada aos fiéis, a carne do cavalo continuou longe das mesas católicas por muito tempo.
2. Mesmo com um consumo muito pequeno, o Brasil é um dos maiores exportadores de carne de cavalo do mundo. O país exporta, em um ano, cerca de 15 mil toneladas, o que gera um faturamento médio de 35 milhões de dólares.
3. Os países que mais consomem a carne de cavalo brasileira são França, Bélgica e Itália. Ela é usada principalmente na produção de embutidos, como salames, mortadelas e salsichas. Quem já comeu salame ou mortadela italianos legítimos provavelmente já experimentou carne de cavalo.
4. Quase todas as partes do cavalo são aproveitadas. O sangue e os ossos são usados para a produção de farinha de ração, enquanto a crina serve para fabricar pincéis.
5. Um cavalo ideal para ser abatido pesa, em média, 300 quilos, o que corresponde a cerca de 100 quilos de carne.
6. Em comparação com a bovina, a carne de cavalo tem mais água, mais ferro - o que a deixa mais vermelha - e sabor mais forte e levemente adocicado.
7. No Japão, como o atum ficou muito mais caro nos últimos anos, os japoneses passaram a adotar a carne de cavalo para preparar seus famosos sashimis.
8. Os cavalos não são criados especificamente para serem abatidos. Os animais mortos são, normalmente, os cavalos mais velhos de criadores e fazendeiros. Diferentemente do que acontece com os bovinos, a idade não deixa a carne mais dura. Já os cavalos de corrida não são comprados pelos abatedouros por causa da grande quantidade de remédios que tomam ao longo da vida.
9. O quilo da carne de cavalo custa, em média, 25 reais. Diferentemente dos cortes bovinos, as áreas mais nobres, como o filé mignon e a alcatra, não custam mais caro.
10. Os nomes dos cortes de carne de cavalo são iguais aos da carne bovina: filé mignon, alcatra, contrafilé, fraldinha, patinho, lagarto, coxão duro e coxão mole.