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Os vegetarianos prejudicam mais o meio-ambiente do que os carnívoros, e outros motivos de eu não ser vegetariano
Algumas pessoas devem pensar que sou contraditório, incoerente, talvez até hipócrita, no momento em que defendo o meio-ambiente e os animais e, ao mesmo tempo, posiciono-me a favor do consumo de carnes. Bem, argumentarei sobre minha posição.
Antes de qualquer coisa, a afirmação comum de que a criação de animais polui e devasta mais que as plantações não procede por vários motivos. Na Revista Galileu de setembro de 2010 encontra-se o seguinte:
“Um vegetariano substitui os alimentos de origem animal por soja e lentilha, por exemplo. A Inglaterra, especificamente, importa boa parte desses produtos. Se precisasse plantá-los em seu território, o espaço dedicado à agricultura teria que aumentar muito - mesmo levando em conta a redução da área dedicada à plantação de grãos para alimentar animais de abate. Colocando na ponta do lápis, o impacto dessa mudança seria maior do que os atuais efeitos negativos dos pastos - e isso inclui a emissão de gás metano provocada pela flatulência dos animais. Além disso, os substitutos da carne passam por um processo industrial que consome uma grande quantidade de energia. A fabricação de proteína de soja, por exemplo, consome mais energia do que a transformação de carne bovina em hambúrguer, o que significa mais carvão queimado nas usinas. Ou seja: tofú não é mais verde do que um prato de churrasco.”
Não me prolongarei mais sobre esse ponto do assunto. Para quem tiver maior interesse, pode ser encontrado mais a respeito, de forma bastante esclarecedora, aqui: http://www.scotconsultoria.com.br/noticias/artigos/22151/dietas-vegetarianas-causam-mais-danos-aos-animais.htm. Sugiro que leiam.
Detendo-me na realidade mais próxima a mim, aqui no pampa gaúcho, as suas regiões mais preservadas são justamente as utilizadas para pecuária. Na própria Santiago, as regiões próximas a Itacurubi e Unistalda, e estes municípios mesmos, tradicionais na criação de gado, apresentam um alto índice de conservação do pampa, tanto na flora como na fauna, se comparado com regiões ocupadas pelas plantações de soja, arroz e trigo. As plantações de arroz são famosas pelo seu elevadíssimo consumo de água. É claro que para a existência das lavouras é necessário a destruição dos campos e das matas, além do uso de agrotóxicos. Já a pecuária preserva os campos e não destrói as matas ciliares. Basta compararmos os campos e os rios de Itacurubi com os de Capão do Cipó. Em Capão do Cipó nem há quase mais campos, tudo está ocupado com as lavouras de soja. E os rios encontram-se assoreados e contaminados por agrotóxicos.
Há ainda a questão, levantada por muitos, de que sacrificar animais para o consumo é uma forma cruel, impiedosa de alimentação. Os animais são seres vivos e sentem dor. Sem dúvida. E os vegetais não? Um pé de alface ou um pé de cenoura são tão seres vivos quanto uma ovelha. Quem garante que eles não sintam dor ao serem arrancados para o consumo? Ou será que não sentem dor porque não demonstram sentir dor como demonstraria uma ovelha? Que conhecimentos temos nós da realidade da existência, da vida de uma planta para garantirmos que ela não sinta dor, seja ela física ou não? É claro que há métodos cruéis utilizados em abatedouros de animais que devem ser combatidos, banidos e fiscalizados.
Muitos abordam questões espirituais para argumentar que o vegetarianismo é menos agressivo aos seres vivos. Bem, nesse caso, os espiritualistas hão de concordar comigo que há uma alma tanto nos animais como nos vegetais. Por que as almas dos animais sofreriam ao terem seus corpos sacrificados e as almas dos vegetais não? E há ainda muitas visões espiritualistas, de meu conhecimento, que ensinam que a carne vermelha é fundamental para determinadas pessoas, o que varia de acordo com sexo, personalidade e ocupação. Segundo tais visões, pessoas do sexo masculino, de personalidade forte e que necessitam de grande concentração em seus afazeres necessitam se alimentar com carne vermelha, sob o risco de desenvolverem certas doenças, desde anemia até cânceres. Eu mesmo já fui vegetariano durante quase dois anos. Nunca me senti tão fraco e desanimado em toda minha vida. Sem falar que eu nunca me sentia plenamente saciado com a alimentação e acabava por comer muito. E isso que substituía a carne animal por carne se soja, bebia muito leite, comia queijos, enfim. Quando voltei a comer carne, foi um enorme alívio.
E mesmo quem prefira argumentar afirmando que uma alimentação vegetariana é mais saudável para nosso organismo, jamais encontrará um consenso entre médicos e cientistas. Há os que defendem uma dieta vegetariana e outros que defendem a carnívora, ou melhor dizendo, a onívora. Porque os seres humanos não são cervos que se alimentam somente de pasto e nem tigres que comem apenas carne. A nossa alimentação é correta quando ocorrem as duas coisas. Somos onívoros. O que aconteceria se alimentássemos um cervo só com carne e um tigre só com vegetais? Creio que algo semelhante a quando privássemos um ser humano de sua dieta onívora, banindo vegetais ou banindo carnes.
Ademais, o simples ato de nos alimentar seja com o que for, de beber água, até de respirar, o simples ato de existir já agride ao meio-ambiente. O problema em si não é o que comemos. O problema é que o planeta já não está suportando mais tanta gente. Ou uma parte da humanidade acaba, ou o planeta acaba. Simples assim. Matemática pura.
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