“Ele apalpava-me em cada consulta”
Maria Loureiro, de 50 anos, não esquece os abusos de que foi vítima, em 2005 e 2009, às mãos de Alcídio Rangel – "apalpada de cada vez que ia a uma consulta". É uma das vítimas que ontem de manhã marcaram presença no Campus da Justiça, em Lisboa, para a primeira sessão do julgamento do cirurgião vascular – que já exerceu funções na Federação Portuguesa de Futebol – acusado de ter abusado de 15 pacientes, no Hospital de Santa Marta e em clínicas privadas da capital.
Por:Sara G. Carrilho
Alcídio Rangel, há cinco meses em prisão domiciliária, não esteve presente em tribunal, por estar "muito doente em casa", de acordo com a sua advogada.
"Numa consulta a seguir à primeira operação às varizes, em 2005, estava a tirar-me pontos no cimo das pernas e eu disse--lhe que me estava a doer. Ele agarrou-me nos lábios da vagina, apertou-os e disse: "E aqui também te dói?". Durante uma semana, aproveitou-se de mim", contou ao CM Maria Loureiro.
A mulher, que será ouvida pelo colectivo de juízes na próxima sessão, não apresentou queixa, mas em 2009 necessitou de uma segunda operação e os abusos do cirurgião continuaram. "Ele apalpou-me o rabo, os seios, e acariciou-me a face. Não aguentei mais e pedi substituição de médico", desabafou.
Beatriz Mateus, outra testemunha da acusação, também dá a cara. "Foi em 2009. Estava deitada na sala de operações, depois de ter levado a anestesia epidural, e disse que estava a tremer de frio. Ele pôs a mão debaixo da bata, acariciou-me o peito e apertou-me os mamilos. Não tive reacção", conta a vítima, 50 anos. Quando teve alta, apresentou queixa.
Quatro testemunhas da acusação foram ontem ouvidas, entre as quais M.C., de 52 anos. À saída, lamentou: "O que ele nos fez é humilhante. Só espero que seja condenado".
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A fadiga do RegimePor:Rui Pereira, Professor Universitário
Os últimos tempos têm sido pródigos em sintomas de fadiga do nosso regime político. Um constitucionalista tão reputado como Gomes Canotilho afirmou, no dia da sua última lição, que "a necessidade pública é a última lei", para explicar a desvalorização que sofreram princípios outrora tão importantes como a tutela da confiança. O órgão Presidente da República, que se revelou, durante décadas, um factor de estabilidade do sistema constitucional, sofreu uma profunda erosão. A separação de poderes dá lugar, por vezes, a uma oposição de poderes.
A que se deve a fadiga do regime? Será a consequência de trinta e seis anos de democracia constitucional? Não, o problema não é a idade da Constituição. Prova-o a longevidade da Constituição norte-americana, a mais antiga do mundo (1787), que exibe os sete artigos originários, a que se juntaram vinte e sete aditamentos. A própria França, que conheceu catorze Constituições desde a Revolução de 1789, conserva, desde 1958, um texto que se foi adaptando às circunstâncias e, após a revisão de 1962, transmutou o parlamentarismo em presidencialismo. Não creio, por conseguinte, que se imponha a aprovação de uma nova Constituição ou sequer uma revisão que ponha em causa os seus traços essenciais, como o semipresidencialismo, a representação proporcional, o poder local, a regionalização (ainda por cumprir) ou a existência do Tribunal Constitucional. As causas da fadiga do regime só podem ser encontradas noutros domínios, que vão da fragilidade das estruturas económicas e sociais à crise na construção europeia, passando pela incapacidade de os partidos se adaptarem aos desafios da "globalização".
Toda a minha experiência de vida me ensinou que devemos ser, tendencialmente, reformistas em áreas sociais, liberais em matéria de costumes e conservadores em questões de Estado. O maior perigo vem dos que invertem esta equação, revelando-se liberais em áreas sociais, conservadores em matéria de costumes e reformistas em questões de Estado. A Constituição e o sistema político não devem ser subtraídos ao debate democrático, mas não podem servir de desculpa para as nossas dificuldades na construção de um país mais próspero, justo e moderno.
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Nosso comentário:
Acrescentamos apenas um curto comentário às duas notícias seleccionadas:
Embora o destaque vá para os apalpões do cirurgião vascular Alcídio Rangel, um cirurgião que pelos vistos se aproveitava das suas habilidades cirúrgicas para exercer outras habilidades não constantes da sua função, não deixamos todavia de destacar igualmente o artigo de Rui Pereira que consideramos de todo o interesse.
Rui Pereira não fala de apalpões do regime, fica-se pela fadiga, se fossemos nós a redigir o artigo, titulá-lo-iamos de Apalpões do regime.
E são tantos que todos os portugueses da classe média e abaixo dela, estão umas autênticas profissionais da vida fácil em matéria de apalpões.
Hoje mesmo a CGD (Caixa Geral de Depósitos) recebeu do Estado um reforço de mil milhões de euros, se é que lemos bem, é que são tantos milhões a circular dos mais pobres e da classe média para os mais ricos, que já nem sabemos contar.
Ainda há dias em que o nosso instinto poético, sonhador, esperançoso, sonha que tais milhões poderiam a tempo refazer o roubo aos reformados do seu dinheirinho que descontaram enquanto trabalhadores.
Mas qual quê?
Há que reforçar o capital dos banqueiros pois então. Tirar dinheiro aos que pouco ou nada têm. Transformar Portugal numa pirâmide de meia dúzia de ricaços no topo como no tempo de Salazar.
Dizem alguns que isto é que é justiça, que este governo é um governo realista, chama as coisas pelos nomes, desemprega, rouba, malha quando tem que malhar, que esta gente vem salvar o país, que vêm meter o país na ordem, sem boys nem "lugares cativos" sem roubalheira nem nada. Tudo gente séria...
dantes é que estava mal, quando ninguém nos tinha roubado despudoradamente; quando os níveis de desemprego estavam bem mais equilibrados do que estão; quando o país tinha esperança; quando o país tinha uma liderança portuguesa; quando, quando, quando.
Cada um acredita no que quiser....
Não negamos todavia os avanços nos apalpões do regime ao nosso bolso, isso não. Nessa onda, céus, como estamos diferentes GAD (Graças A Deus)
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Fiquem bem,
António Esperança Pereirahttp://nucleo.netlucro.com/clique/13276/586/http://www.cursos24horas.com.br/parceiro.asp?cod=promocao53361&id=53673&url=cursos/administracao
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