É óbvio que vai cagá. Num sabe lê...
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É óbvio que vai cagá. Num sabe lê...


O ÓBVIO

Em uma escola muito heterogênea, onde estudam alunos de várias classes sociais, durante uma aula de português, a professora pergunta:

- Quem sabe fazer uma frase com a palavra "óbvio"?

Rapidamente, Luana, menina rica, uma das mais aplicadas alunas da classe, respondeu:
- Prezada professora, hoje acordei bem cedo, depois de uma ótima noite de sono no conforto de meu quarto. Desci a enorme escadaria de nossa residência e me dirigi à copa onde era servido o café. Depois de deliciar-me, fui até a janela que dá vista para o jardim de entrada.
Percebi que se encontrava guardado na garagem o automóvel BMW do meu pai. Pensei com meus botões:
- É ÓBVIO que meu pai foi ao trabalho de Audi.

Sem querer ficar para trás, Luiz Cláudio Wilson, de uma família de classe média, acrescentou:
- Professora, hoje eu não dormi muito bem, porque meu colchão é meio duro. Eu consegui acordar assim mesmo, porque pus o despertador do lado da cama. Levantei meio zonzo, comi um pão meio muxibento e tomei café.. Quando saí para a escola, vi que o fusca do papai estava na garagem. Imaginei:
- É ÓBVIO que o papai não tinha dinheiro para gasolina, foi trabalhar de busão.

Embalado na conversa, Wandercleison Maicon Jáqueson, de classe baixa (é óbvio), também quis responder:
- Fessora, hoje eu quase não durmi, porquê teve tiroteio até tarde na favela. Só acordei de manhã porquê tava morrendo de fome, mas não tinha nada pra cumê mesmo... quando olhei pela janela do barracão, vi a minha vó com o jornal debaixo do braço e pensei:
- É ÓBVIO que ela vai cagá. Num sabe lê...
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Nosso comentário:


Aproveitamos esta historiazinha divertida com sotaque brasileiro sob o título, O ÓBVIO , para recordar uma das frases mais célebres da política portuguesa:
"Obviamente demito-o" (dirigida por Humberto Delgado, o general sem medo, ao então todo poderoso ditador Salazar)
Não queremos que os leitores tirem quaisquer ilações ou estabeleçam comparações descabidas entre personalidades de ontem com as de hoje.
É apenas uma evocação histórica de uma frase célebre, nada mais.

Hoje os tempos são diferentes, as coragens também, felizmente vivemos em liberdade (QB) instaurada pelo MFA, Movimento das Forças Armadas, + POVO, em 25 de Abril de 1974.
Os protagonistas da política de hoje têm outras caraterísticas, são movidos por outras habilidades, aprendizagens, interesses e influências.
Se acharem todavia que nas entrelinhas há algo que os faça sorrir com uma ou outra semelhança, salvaguardadas as devidas distâncias no tempo, fica ao vosso critério.
Aí fica um pouco de história, de cultura também:
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"Obviamente demito-o!", a frase com que Humberto Delgado prometia demitir Salazar se ganhasse as presidenciais de 1958, é uma das mais célebres da política portuguesa, mas há versões diferentes do que o general disse.

Há 50 anos, a 10 de Maio de 1958, no café Chave d` Ouro, no número 38 do Rossio, em Lisboa, o candidato da oposição às presidenciais deu a conferência de imprensa em que o correspondente em Lisboa da France Presse, Lindorfe Pinto Basto, fez a pergunta.
"Sr. general, se for eleito Presidente da República, que fará do sr. Presidente do conselho?", perguntou, depois de ter notado que, num país que vivia em ditadura, os jornalistas "estavam todos `nas encolhas`".
"Vi que os meus colegas estavam todos nas encolhas. Eles não podiam falar. Eu pertencia à France Presse. Fiz a pergunta. Tinha de a fazer. O general parecia que estava à espera", lembrou Lindorfe Pinto Basto numa conversa com Iva Delgado, filha do general que "perdeu" as eleições para o candidato do regime, Américo Thomaz, no meio de acusações de fraude.
"Obviamente demito-o!" foi a resposta usada pelos jornalistas, mas, mesmo passado meio século, as versões não são todas coincidentes, como descreve o neto do general, Frederico Delgado Rocha, no livro "Humberto Delgado - Biografia do General sem Medo" (Esfera dos Livros).
A frase, lê-se no livro, foi registada com "nuances" pelos diferentes jornalistas desde a pontuação ao tempo verbal e à própria ordem das palavras.
As duas variações assinaladas no livro são: "Demito-o, obviamente" e "mas obviamente demito-o".
Em 1998, numa conversa com Iva Delgado, Pinto Basto, que era correspondente da AFP desde 1948, registou outra frase: "Demito-o, é óbvio".
António de Oliveira Salazar, o presidente do Conselho, voltou a estar no centro da conferência de imprensa, quando lhe foi perguntado o que pensava o general do ditador e ele gracejou: "Como chefe do Governo, como pessoa ou como chefe de família?". Como chefe do Governo, o general respondeu que "se deve ao dr. Salazar um trabalho interessante de arrumação das finanças portuguesas, nos primeiro anos de exercício de cargo de ministro das Finanças".
"Mas, como chefe do governo nunca evoluiu e como economista está absolutamente obsoleto", afirmou.
A morte do "general sem medo" ocorreu a 13 de Fevereiro de 1963.
Humberto Delgado foi morto por agentes da polícia política da ditadura, a PIDE, após ter sido atraído para uma cilada em Badajoz (Espanha), montada em redor de uma pretensa reunião com militares portugueses, oposicionistas a Salazar.
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Fiquem bem,

António Esperança Pereira


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