SALAZAR: UMA BOA ANEDOTA
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SALAZAR: UMA BOA ANEDOTA



A melhor anedota, pelo menos uma das que obtinha da minha parte de jovem adolescente risada grossa garantida, era uma que começava assim:
UM DIA O SALAZAR MORREU...
Chegava-me a doer o estômago, a barriga, tinha de tossir, contorcer-me, sair do grupo, ia às lágrimas, sei lá...
Bom devo acrescentar que quem contava esta anedota era um exímio contador de anedotas.
Esse devia ser o trunfo da mesma, pois tão forte e adequada era a entrada daquelas palavras proferidas em tom solene, sério, gozado, que arrebatava antes de se iniciar uma gargalhada estrondosa.
Éramos um grupo de jovens estudantes em férias nos jardins da cidade de Pinhel.
Corria-se algum risco político, mesmo tratando-se de uma anedota e de uma cidade de província pequena (havia informadores da PIDE, polícia política, por todo o lado)
Mas o pessoal era jovem e arriscava, porque o Salazar estava vivo e bem vivo então...
Anote-se que a anedota era tão boa que nunca a ouvi contar. Este o facto por eu a distinguir de todas as outras.
Começava e acabava com a introdução:
UM DIA O SALAZAR MORREU...
O ar sério do contador da anedota, olhando os circunstantes com gravidade, quando o afirmava, fazia o resto.
Zás, cá o rapaz desatava numa risota que não mais parava nem tinha ouvidos para ouvir durante uns tempos.
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Bom lembrei-me disto num tempo em que são mais que muitos os candidatos a "salazar", não só no aspecto, que nesse pormenor vai havendo, mas também na forma.
Também mo recordou um artigo de Daniel Oliveira de Quarta-feira, 16-03, no jornal Expresso, intitulado "CAVACO O BOM ALUNO DO ESTADO NOVO".

Cito apenas a parte inicial do artigo, preocupante mesmo!

"Ontem, quando assinalava os cinquenta anos do início da Guerra Colonial, Cavaco Silva disse esta frase: "Importa que os jovens deste tempo se empenhem em missões e causas essenciais ao futuro do país com a mesma coragem, o mesmo desprendimento e a mesma determinação com que os jovens de há 50 anos assumiram a sua participação na guerra do Ultramar".

Sobre esta frase, ficam apenas algumas pequenas perguntas. Considera o chefe de Estado que a guerra colonial (repito: "colonial") foi essencial para o País? É comparável aos desafios que temos pela frente? Ou considera que foi um erro histórico? Ou não faz ideia e as palavras limitam-se a brotar da sua boca como se não quisessem dizer rigorosamente nada? Consegue o Presidente da República distinguir a coragem e a determinação exigidas num ato voluntário de cidadãos livres, da coragem e da determinação exigidas numa participação forçada numa guerra decidida por um governo ilegítimo? Tendo sido exigida coragem para sobreviver a uma guerra que o País não queria, ela será o melhor exemplo para dar ânimo aos jovens de hoje? Ser "carne para canhão" é o que o nosso Presidente pede aos jovens portugueses? Ser vítima da cegueira do poder, é o desígnio desta geração?
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Nem comento!


Uma boa semana para todos,

António Esperança Pereira



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