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Lei decreta fim das touradas na Catalunha
A arena Monumental de Barcelona é a última, na capital catalã, a fechar portas. Este domingo marca o fim da temporada das corridas e das touradas na Catalunha, já que a lei proíbe que esta antiga tradição espanhola seja retomada em janeiro de 2012.
180 mil catalães assinaram a petição a favor da interdição submetida ao parlamento regional. A Catalunha votou a lei em junho de 2010 e segue os passos das ilhas Canárias, onde a lei se aplica desde 1991.
O presidente da Libera, a associação de defesa dos direitos dos animais, o exemplo vai ser seguido por outras regiões.“Acreditamos que a Galiza se vai juntar a nós em breve, porque lá não existe uma tradição tauromáquica como noutras regiões do norte de Espanha. É claro que em Madrid e na Andaluzia vai demorar mais, mas é uma questão de tempo” afirma Carlos López Pérez.
Porém os fãs do esporte, ou arte, para alguns, não concordaram com a decisão. Eles se sentem angustiados, sobretudo, por que estão impotentes perante a interdição. “Isso é uma ditadura. Não fazemos mal a ninguém e somos confrontados com a proibição de um espetáculo com mais de 300 anos. E um lugar como Barcelona, onde os fãs podiam encher três arenas”, afirma o fanático torcedor Josep Navarro.
Para a viúva do último toureiro morto, em 1974, precisamente, na arena Monumental, é preciso fazer o luto. Rosa Gil considera que “as tradições antigas estão a morrer, por mais esforços que se façam para as ressuscitar.”
Fonte: Euronews.
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Nosso comentárioDeixo abaixo um poema que Fernando Tordo cantou com valentia no festival da Eurovisão, já lá vão uns anitos.
Ainda bem que as touradas parecem ter os dias contados.
Fico contente pelos touros, que não morrem daquela forma pouco digna, pelo fim na Catalunha de um espectáculo que a olhos de gente civilizada é claramente decadente, mórbido, feio, trágico.
A tortura e morte dos touros como espectáculo tem a minha reprovação neste dealbar do século XXI.
Não julgo nem condeno quem mantém o vício, o bichinho da tradição.
É como o tabaco, o álcool, outros que tais, são difíceis de deixar.
Nascemos com eles, habitua-mo-nos de tal maneira que parece não conseguiremos largá-los nunca.
Todavia, chega o dia em que caímos em nós e adeus vício, adeus tradição doentia, mortal.
Surge o homem novo mais são, menos doente por consequência.
Passo a passo, devagar, mas é assim que o mundo avança.
Eu próprio vivi a infância e alguma adolescência numa zona do país em que a festa brava era um dos poucos acontecimentos que mobilizava o povo da região de uma forma eufórica.
Na realidade, naquele tempo, pouco ou nada havia ali que não fosse a festa brava para animar aquelas pobres gentes raianas.
Pelo menos uma vez por ano, em dia de feira e de toiros, tudo parecia ir pelos ares na santa terrinha.
Quebrava-se o tédio, animava-se um pouco a populaça com os artistas do toureio, os cavaleiros de jaqueta, os heróis da estocada, os valentões das pegas.
Hoje, porém, os tempos são outros.
Há múltiplas formas de distracção, diversão e ocupação que não havia.
Embora de uma tradição se trate muito enraizada entre nós, a modernidade não engole bem um espectáculo que tudo tem de bárbaro.
Isso bastaria para dizermos não às touradas.
Por isso, um aplauso ao fim das mesmas na Catalunha!
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TouradaFernando Tordo
Não importa sol ou sombra
camarotes ou barreiras
toureamos ombro a ombro
as feras.
Ninguém nos leva ao engano
toureamos mano a mano
só nos podem causar dano
espera.
Entram guizos chocas e capotes
e mantilhas pretas
entram espadas chifres e derrotes
e alguns poetas
entram bravos cravos e dichotes
porque tudo o mais
são tretas.
Entram vacas depois dos forcados
que não pegam nada.
Soam brados e olés dos nabos
que não pagam nada
e só ficam os peões de brega
cuja profissão
não pega.
Com bandarilhas de esperança
afugentamos a fera
estamos na praça
da Primavera.
Nós vamos pegar o mundo
pelos cornos da desgraça
e fazermos da tristeza
graça.
Entram velhas doidas e turistas
entram excursões
entram benefícios e cronistas
entram aldrabões
entram marialvas e coristas
entram galifões
de crista.
Entram cavaleiros à garupa
do seu heroísmo
entra aquela música maluca
do passodoblismo
entra a aficionada e a caduca
mais o snobismo
e cismo...
Entram empresários moralistas
entram frustrações
entram antiquários e fadistas
e contradições
e entra muito dólar muita gente
que dá lucro as milhões.
E diz o inteligente
que acabaram asa canções.
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Fiquem bem,
António Esperança Pereira
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