Manif. geração à rasca
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Manif. geração à rasca



Um espanto! Sabe-se da força das redes socias para marcação de encontros, de todos os géneros e feitios, para mostrar curriculo, anunciar seu negócio, etc. agora para marcar protestos, revoluções, levantamentos da população...pelo menos de uma tal envergadura é novidade neste nosso Portugal.
Fico com a impressão que inicialmente se tratou de um movimento espontâneo, genuíno, um protesto de quem quer um emprego digno e não o tem na idade de o ter.
Todavia com o desenrolar da coisa, a populaça a crescer...não tardaram a aparecer as figuras de proa da política para tirarem algum proveito do evento.
Bloquistas, com a proletária (!!!) Joana Amaral Dias, o líder comunista, o Jorge Nuno Pinto da Costa a falar de política, O Alberto João Jardim apoiando, O Fernando Tordo a cantar a canção que noutro tempo fez todo o sentido e que então me empolgou (agora fora de contexto)
Apareceu o candidato às presidenciais Coelho, também o grupo que ganhou o festival, não se sabe como...
o líder da Intersindical, claro, não vá este movimento entrar em coma profundo ( refiro-me ao movimento sindical)
Senti-me envergonhado com o trautear em palhaçada de uma balada do GRANDE ZECA AFONSO, esse sim que pugnava por um país livre e democrático em tempo de DITADURA.
Enquanto o Fernando Tordo cantava a Tourada na manif, no Campo Pequeno, sítio histórico de faenas e olés em toureio apeado ou a cavalo, 8.000 profs debatiam problemas da classe.
Enfim, um regabofe em tempo de decisões importantes da Europa e do Euro!
Um nome apenas aparecia como já é hábito: SÓCRATES
Nem aparecia CAPITALISTAS, NEM CAVACO, NEM IMPERIALISMO, NEM MULTINACIONAIS, NEM AMERICANOS, NEM RUSSOS, NEM FASCISTAS, NEM COISÍSSIMA NENHUMA...
Eu diria: a LUTA ERA POR COISA NENHUMA.
Depois uma menina gritava "LIBERDADE" (!!!) outros berravam pelo FMI... outros chamavam a DEOLINDA, não sei se o ANTÓNIO, enfim...
este país está estranho como estranho está o mundo.
Se a ideia é apear SÓCRATES, bolas, já poderia ter sido apeado com toda a facilidade. Ainda há dias houve uma moção de censura do Bloco de Esquerda, pode-la-iam ter aproveitado... e já não foi a primeira a ser desperdiçada.
O PR pode fazê-lo a todo o momento.
Afinal o que SÓCRATES tem para se manter de pé e não cair?
Medo de que o povo assuma o poder? medo de perderem suas empresas, seus ordenados, esta fartura, ainda que em crise, burguesa? medo que o Estado nacionalize tudo o que é bom? medo de ficarmos uma Cuba, uma Coreia do Norte? outra vez um país do 3.º mundo que éramos há bem pouco tempo?
Medo medo medo...
Senhores dos partidos, apresentem alternativas sérias à REALIDADE QUE TEMOS SUFRAGADA EM URNAS, QUE SE CHAMA JOSÉ SÓCRATES.
O povo julgará as vossas alternativas e saberá escolher.
Se as não têm, não mostrem tanta dor de cotovelo, tanta ansiedade por poleiro, acreditem em Portugal, vivam-no, colaborem no que for de colaborar, critiquem o que for de criticar, aplaudam o que for de aplaudir.
Defina-se com clareza o que se quer para PORTUGAL.
TRANSMITA-SE ISSO AOS PORTUGUESES, AOS MAIS À RASCA E AOS MENOS À RASCA.
Digo eu...
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Para que não se esqueça a realidade próxima passada , um poema do meu livro "60 POEMAS POR ORDEM ALFABÉTICA", Bubok Editora

FRONTEIRA DE VILAR FORMOSO

Agora entendo o sítio berço onde nasci
e porque lá nasci
pedras urzes muito tédio
atraso enxada arado e rebanhos
muito o suor poucos os ganhos
em trabalho sol a sol

um presente sem porvir ali
trocava-se tudo por um caminho de França
chão família amigos
também os cães da altura
abutres canibais
que faziam do país o que era então

um estéril chão
triste acabrunhado
pides passadores famintos trabalhadores
levados como gado e despejados
nos esgotos de Paris
nos bidonvilles
bravos portugueses despojados
rotos de roupa
botelha sem vinho
boca sem naco de toucinho

nasci por ali Vilar Formoso
fronteira de Deus e do diabo
trem solitário mãos saudade
que tão tristes iam

emigração clandestina a salto
dos tais vigaristas passadores
que tiravam a pele o osso
todos os vinténs a trabalhadores angariados

a diferença que havia logo ali
raia de Espanha desolada e fria
do lado de lá e do lado de cá

uma estrada larga rica grosso asfalto
do lado de lá
a contrastar com a estradita estreita pobre
pintada de negro esburacada
a fingir que era asfaltada
do lado de cá

não condeno os abutres canibais
os que bem se governavam
no quanto pior melhor
eram do regime tosco maltrapilha
os labregos de fato e de chapéu
que exploravam do povo seu suor

condeno sim os que viam vergonha em tal atraso
(e viam bem porque doía)
acharem hoje nosso progresso modernice
um exagero destemperança

amplas rodovias
fronteiras desaparecendo
mais igual em tudo o cá e o lá
gente livre que sai que vai que vem que passa
sem policiais vigaristas aproveitadores
do país com medo de outro tempo

tempo e atraso de que só pode gostar
um saudosista louco
um triste um mentecapto
alguém que por zangado e frustrado
nem consegue distinguir deus e o diabo

nasci por ali ainda bem
hei-de contar o que então vi e o que ora vejo
hei-de lembrar memórias que não esqueci
de um país salazarento sórdido doente
um intervalo Portugal adiado
hoje aqui meu país de Abril
moderno livre aberto e atraente

país que enfim retoma
o caminho o sonho a aura a glória
que a história lhe confiara dantes.


Com os desejos de uma ótima semana,

António Esperança Pereira



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