O Sombrio Emiliano Perneta
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O Sombrio Emiliano Perneta


Talvez o leitor ache um pouco engraçado o sobrenome deste quase esquecido poeta simbolista paranaense, nascido em 1866 e falecido em 1921. No entanto, certamente, não achará engraçada sua trágica, sombria e estranha obra.

É lamentável o pouco valor dado ao Simbolismo em nossas terras. O Simbolismo, que é considerado o movimento precursor da poesia moderna. Fosse na Europa, Emiliano seria cultuado como um gênio. Mas aqui, quase ninguém lembra dele. Bem, eu lembro.

Emiliano Perneta legou-nos oito obras, entre poesias, prosa poética e libretos de óperas. Destaque para o sensacional livro de poemas "Ilusão", publicado em 1911, um dos momentos mais altos de nosso Simbolismo.´

O crítico Andrade Muricy, um dos maiores conhecedores do Simbolismo brasileiro, escreveu o seguinte sobre o poeta curitibano: "A poesia de Emiliano Perneta é a mais desconcertante e variada que o Simbolismo produziu entre nós. Não aceitou o verso livre, mas, por instinto, por inquietação, repeliu os cânones parnasianos. (...) Gracioso, emotivo, espetacular, excêntrico, paradoxal, Emiliano Perneta foi a personalidade mais curiosa do Simbolismo, no  Brasil."

Logo após a publicação de "Ilusão", Emiliano foi chamado de "príncipe dos poetas paranaenses". E é desse livro que retiro o soneto abaixo, que falará mais de Emiliano do que tudo que já disse dele.

Solidão

Oh! para que sair do fundo deste sonho,
Que o destino me deu, e que a Vida me fez,
Se eu quando, a meu pesar, casualmente, ponho
Fora os pés, a tremer, volvo, ansiado, outra vez.

O meu lugar não é no meio de vocês,
Homens rudes e maus, de semblante risonho,
Não é no meio de tamanha insipidez,
Dum egoísmo atroz, dum orgulho medonho!

O meu lugar é aqui, no seio desta ruína,
Destes escombros, que reluzem como lanças,
E destes torreões, que a febre inda ilumina!

Sim, é insulado, aqui, no cimo, bem o sei!
Entre os abutres e entre as Desesperanças,
E dentro deste horror sombrio, como um Rei!



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