Antes de tudo o que me ocorre dizer ante estas declarações de François Hollande é o seguinte:
Oxalá que o presidente da França diga coisa com coisa ao fazer esta importante e bombástica afirmação:
"Acabou o tempo de desunião na Europa".
Efetivamente, a sua recente eleição para o mais alto cargo da política de um país importante como a França, foi aguardada por muitos com grande esperança para os destinos da Europa.
Eu próprio senti essa esperança por achar que politicamente a sua eleição equilibraria mais as tendências direita/esquerda no continente europeu.
É cedo ainda, tendo em conta afirmações contraditórias que chegam de todas as bandas, inclusivamente de ministros franceses, para aquilatar dos reais benefícios da sua eleição.
Todavia, parece haver algum progresso de intenções no tocante a mais e melhores mecanismos por parte da União Europeia para gerir a sua própria crise.
Mas porque são muitas as vozes a discordarem do aprofundamento da União Europeia, muitos os eurocéticos, muitos os que se estão nas tintas para se solidarizarem com um projeto amplo em que, na sua ótica nacionalista só perdem com a dita União...
há que esperar para ver.
Uma coisa porém é certa:
Os países do chamado Diretório, França e Alemanha, para "serem gente" ao mais alto nível mundial, só o conseguirão no seio de um amplo espaço europeu.
Daí eu me convencer, mesmo contra ventos e marés, numa aposta em grande na Europa, especialmente por parte desses dois grandes países: França e Alemanha.
Ora, uma aposta forte destes países no espaço europeu, de que são os principais motores de desenvolvimento, poderá tirar argumentos a países menos interessados e beneficiários, digamos assim, desse amplo espaço europeu.
Países esses que sabem o risco que correm em ficar de fora...
Por si só são pequenos demais para se afirmarem isoladamente nesta economia global bem complexa e competitiva.
Acredito que será neste jogo de perdas e ganhos, recuos e avanços entre os diversos países europeus que terá de refazer-se uma nova esperança europeia, reconstruir-se uma nova confiança.
Transformar este porto de abrigo, esta tábua de salvação que tem sido a construção europeia, em qualquer coisa mais sólida, que todos sintamos como um espaço novo, aberto, moderno, unido, próspero, solidário, com futuro.
Uma boa diplomacia e um verdadeiro sentido de visão política serão determinantes.
Creio que, com mais ou menos nacionalismos, mais ou menos egoísmos, os europeus estão condenados a entender-se.
A solidão, seja ela pessoal, seja ela nacional, como seria o caso, não traz saúde a ninguém.
Muito menos felicidade.
PS. Para ser lida a afirmação de François Hollande, deixo abaixo o contexto em que foi proferida.
Hollande diz que acabou o tempo de desunião na Europa
por LusaHoje
O Presidente francês, François Hollande, disse hoje, em Bruxelas, que o tempo em que a Europa dava ao mundo um espetáculo de crise e de desunião chegou ao fim, desejando que em 2013 se veja uma maior solidariedade.
Hollande, que falava à entrada do segundo dia do último Conselho Europeu do ano, adiantou querer, no próximo ano, "uma Europa mais solidária, mais forte, que acredita nos seus ativos e que não vai mostrar ao mundo o espetáculo das suas dificuldades".
"Esse tempo terminou", disse o chefe de Estado, sublinhando ainda que "foi feito muito bom trabalho ao longo de 2012 e que permite estarmos confiantes para 2013".
François Hollande exemplificou com o acordo sobre o mecanismo único de supervisão bancária da zona euro, a capacidade mostrada para resolver questões como a da Grécia e o desejo manifestado de aprofundar a União Económica e Monetária (UEM).
O aprofundamento da UEM deveria ter sido aprovado nesta cimeira, mas -- após nove horas de debate -- os líderes europeus só conseguiram concordar no adiamento da questão para uma próxima cimeira, em junho, quando deverão ser apresentadas novas propostas.
Hoje, os líderes da União Europeia vão tratar de temas como a defesa, o alargamento e a política externa.
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