Dialogar ou gritar
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Dialogar ou gritar



No início do século XX o tango dançava-se entre homens. Não era ‘bem visto’ que as mulheres também tivessem essa oportunidade. Vejam esta apresentação dos irmãos Macana.


A notícia/artigo de opinião

Cabe aos sindicatos decidir qual a palavra de ordem que melhor os defende. Acredito que seja dialogar
Por:Luís Campos Ferreira, Presidente da Comissão de Economia e Obras Públicas

Nos últimos tempos, e de modo especialmente audível desde que o novo governo tomou posse, tem-se dito que este vai ser um período de contestação de rua. Contestar é um exercício democrático e a rua é, por excelência, um espaço livre. Mas a contestação de rua não expressa, para mim, nem mais democracia nem mais liberdade do que, por exemplo, o voto do povo. Isto para dizer que respeito democraticamente quem contesta nas ruas as medidas que acha que deve contestar, mas que não confundo essas manifestações de rua com a expressão suprema do que o povo pensa e quer. Faço este ponto prévio para reflectir sobre o papel dos sindicatos numa época tão exigente como a que vivemos.

Os sindicatos têm uma importância ímpar na nossa sociedade, seja numa perspectiva histórica, social, económica ou política. Representantes dos trabalhadores, são uma voz insubstituível em praticamente todos os fóruns económicos e sociais, e não apenas laborais. Pessoalmente, nunca vi nos sindicatos um mal necessário ou uma inevitabilidade incómoda da democracia, mas antes interlocutores legítimos e responsáveis de um diálogo a muitas vozes. Sentam-se, por direito próprio, à mesa da concertação social, onde são parceiros dos representantes das associações patronais e do Governo. Ora, ser parceiro tem que se lhe diga. Pressupõe interesses próprios (e legítimos) mas alguns desígnios comuns. E se há desígnio comum que hoje é vital para Portugal é o de sair da crise. Ninguém pode ficar de fora: trabalhadores, empresários, Estado.

Exige sacrifícios? Sim, todos nós já os começamos a sentir. Vai ser duro? Vai, e ninguém responsável se atreve a dizer o contrário. Vai valer a pena? É a nossa obrigação, por nós e pelas gerações seguintes. Sou dos que pensam que os sindicatos devem mobilizar o melhor de si para que a economia volte a funcionar. Mas mobilizar o descontentamento é o mais fácil e não é, decididamente, o que o país precisa. O que faz falta é mobilizar para a mudança, a produtividade, a competitividade, e isso não é, nem pode ser, incompatível com o interesse dos trabalhadores. Porque uma economia forte e saudável é a melhor defesa dos trabalhadores. Cabe aos sindicatos decidir qual a palavra de ordem que melhor os defende: dialogar ou gritar. Acredito que seja dialogar.
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COMENTÁRIO MAIS VOTADO

"Não se preocupe. A palavra de ordem está dada por Cardeal de Lisboa,D.Policarpo. Disse: não façam reivindicações que os ricos não querem satisfazer. Aceitem a condição de indigente c/alegria, apoiem o governo. Deus abeç "

Galhardo
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Nosso comentário

Creio que imagem nenhuma ilustra melhor o que a alta finança vem fazendo a este mundo ocidental capitalista:
Vem-lhe dando um grande baile, eu diria mesmo uma grande tangada como a que o video apresenta.
Querem o pessoal cordato, manso, teso e obediente, em suma, querem fazer-nos crer que Portugal acaba se não formos como eles querem que sejamos.
Afinal o que fizeram connosco nos últimos tempos? a tal alta finança, assim em traços gerais: puseram-nos a consumir a consumir, venderam-nos gato por lebre, nós comprámos, "deram-nos" subsídios para infraestruturas, nós construímos tais infraestruturas, "deram-nos" cartões de crédito avulso, nós empenha-mo-nos com prestações, investimentos, viagens de sonho...

Agora a dita finança (a banca) diz que não tem dinheiro para emprestar, ou seja quer o dinheiro que emprestou, muitas vezes via financiamento do Estado, com juros de volta para empresta-lo outra vez com novos juros.
Uma pouca vergonha!
Para já o que vale é que o pessoal anda cheio de medo, isto enquanto acreditar que para além deste sistema não há mais nenhum.
Muitos pensam assim: antes de "EU" ser atingido será o vizinho, eu vou-me safar, tenho casa própria, carrinho, telemóvel, LG, internet, um bom emprego, ainda dá para gozar férias... mesmo que fique sem um dos telemóveis, tenho o outro, mesmo que venda um carro fico com o outro, corto nas viagens, etc etc.

É aqui que as palavras do economista Luís Campos Ferreira fazem sentido: sejam bonzinhos, nada ganham em não ser. Alguma coisa há-de sobrar depois da crise.
Diz ele aos sindicatos: dialoguem, mas sem barulho, sem gritar, porque meus senhores é um diálogo com final anunciado. Há que salvar o país portanto entenda-mo-nos todos, patronato, sindicatos, operários, trabalhadores.
Ele até tem razão, lá isso tem.
O governo estrangeiro da troika põe-nos a dançar o tango de todas as maneiras. Não vestidos e certinhos como o par do video acima, mas de tanga, ou mesmo "desnudados" como diria o Diácono dos Remédios.

Uma coisa parece certa, pelo andar da carruagem e apesar dos apelos: se a corda esticar muito, alguém vai se aleijar, lá isso vai! Afinal o 25 de Abril de 1974 acabou por acontecer quando a corda do regime de então esticou esticou até que não deu mais para segurar...
foi ou não foi?

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Fiquem bem,

António Esperança Pereira




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