Textos e Mensagens
FRONTEIRA DE VILAR FORMOSO
Não não é título de livro;) não podem publicar-se livros todos os dias... casa mais arrumada, agora é tempo de retomar a criatividade. É título de poema!
Para os mais novos uma verdade que por certo já não conheceram. Por favor, leiam!
Para os menos novos, uma verdade dos anos 60 que vale a pena re(lembrar) para evitar equívocos maiores nos juízos de valor sobre realidades de hoje.
FRONTEIRA DE VILAR FORMOSO
Agora entendo o sítio berço onde nasci
e porque lá nasci
pedras urzes muito tédio
atraso enxada arado e rebanhos
muito o suor poucos os ganhos
em trabalho sol a sol
um presente sem porvir ali
trocava-se tudo por um caminho de França
chão família amigos
também os cães da altura
abutres canibais
que faziam do país o que era então
um estéril chão
triste acabrunhado
pides passadores famintos trabalhadores
levados como gado e despejados
nos esgotos de Paris
nos bidonvilles
bravos portugueses despojados
rotos de roupa
botelha sem vinho
boca sem naco de toucinho
nasci por ali Vilar Formoso
fronteira de Deus e do diabo
trem solitário mãos saudade
que tão tristes iam
emigração clandestina a salto
dos tais vigaristas passadores
que tiravam a pele o osso
todos os vinténs a trabalhadores angariados
a diferença que havia logo ali
raia de Espanha desolada e fria
do lado de lá e do lado de cá
uma estrada larga rica grosso asfalto
do lado de lá
a contrastar com a estradita estreita pobre
pintada de negro esburacada
a fingir que era asfaltada
do lado de cá
não condeno os abutres canibais
os que bem se governavam
no quanto pior melhor
eram do regime tosco maltrapilha
os labregos de fato e de chapéu
que exploravam do povo seu suor
condeno sim os que viam vergonha em tal atraso
(e viam bem porque doía)
acharem hoje nosso progresso modernice
um exagero destemperança
amplas rodovias
fronteiras desaparecendo
mais igual em tudo o cá e o lá
gente livre que sai que vai que vem que passa
sem policiais vigaristas aproveitadores
do país com medo de outro tempo
tempo e atraso de que só pode gostar
um saudosista louco
um triste um mentecapto
alguém que por zangado e frustrado
nem consegue distinguir deus e o diabo
nasci por ali ainda bem
hei-de contar o que então vi e o que ora vejo
hei-de lembrar memórias que não esqueci
de um país salazarento sórdido doente
um intervalo Portugal adiado
hoje aqui meu país de Abril
moderno livre aberto e atraente
país que enfim retoma
o caminho o sonho a aura a glória
que a história lhe confiara dantes
loading...
-
Ao Colo, E à Pala Da Troika
Se dúvidas tínhamos de que havia mais que um caminho, apesar da lavagem ao cérebro feita sobre os portugueses nestes últimos quatro anos, o novo governo que agora tomou posse desfez essas dúvidas.Poderia aventar-se que apenas o discurso mudaria....
-
Manif. Geração à Rasca
Um espanto! Sabe-se da força das redes socias para marcação de encontros, de todos os géneros e feitios, para mostrar curriculo, anunciar seu negócio, etc. agora para marcar protestos, revoluções, levantamentos da população...pelo menos de uma...
-
Manuel Alegre
Este poema faz parte do livro actualmente mais requisitado pelos leitores: "PORTUGAL PERIFÉRICO OU...O CENTRO DO MUNDO?" que pode ser visto em: http://lusito.bubok.pt Sinceramente tenho como opinião que todo o Português com um P grande devia ler alguns...
-
Salto De Gigante
Camioneta rançosa que nunca mais chegava era longe o que se via com os olhos tal o atraso que havia no progresso ausente que faltava nunca mais se via o fundo da perigosa íngreme descida nem se atingia o alto escarpado do outeiro tudo se fazia vagarosamente...
-
Antes E Depois
Dias longos nostalgia espelhada em cada rosto português uma amargura que ainda hoje se vê nos filhos dos filhos daquele tempo que na flor da idade iam para a guerra longe sem saberem bem para onde nem para quê o horizonte europeu fronteira de Castela...
Textos e Mensagens