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| A NebulosaPIER PAOLO PASOLINI(GUIÃO) tradução Manuela Gomes Janeiro A Nebulosa (1959) impôs a Pasolini «vinte dias atrozes fechado num hotelzito a trabalhar como um cão». Guião literário escrito em 1959, irreconhecível no filme Milano nera (1961), e que se lê como um romance negro, apenas em 1995 foi resgatado ao esquecimento. Texto febril e colérico, A Nebulosa mergulha na periferia de uma Milão envolta em névoa, com «fieiras de luzes e de prédios envidraçados», onde um grupo de teddy boys, numa estonteante noite de fim de ano, afoga na mais extremada violência as suas frustrações. Nesta ronda frenética com contornos de Laranja Mecânica, em que só néons de bares pontuam a longa noite sem estrelas da juventude tentada pelo abismo, estão na mira de Pasolini a perversão moral engendrada pela sociedade afluente e o seu desprezo por tudo. |
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| O Palácio do RisoGERMÁN MARÍN(ROMANCE) prefácio Roberto Merino posfácio Júlio Henriques tradução Helena Pitta Abril Romance de rara perfeição, O Palácio do Riso (1995) recria, entre passado e presente, a história da Villa Grimaldi, um dos maiores centros de tortura durante a ditadura de Pinochet, também apodado jocosamente de Palácio do Riso pelos agentes da polícia política. Quando um narrador, nunca nomeado, revisita o edifício, o passado feliz da casa funde-se com um legado de barbárie e com as vivências de quem enfrenta o horror de olhos bem abertos. História de decadência de um país, é uma viagem ao coração de um trauma pela mão experiente de um autor que sempre condenou abertamente a ocultação colectiva de infâmias.
Germán Marín (n. 1935, Santiago do Chile) é autor de um conjunto de obras de grande força e com carácter reconhecidamente polémico. Figura maior das letras chilenas, move-se pela literatura como pela vida: de forma franca e frontal. Passou a adolescência em Buenos Aires e, nos anos 60, regressou ao Chile, onde colaborou activamente com a Quimantú, a editora impulsionada por Allende. O golpe militar de Pinochet obrigou-o a exilar-se no México. Vive no Chile desde 1992 e publicou Fuegos artificiales e Círculo Vicioso, entre outras obras. |
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| Conta-me Uma Adivinha TILLIE OLSEN(CONTOS) tradução Manuela Gomes posfácio Diana V. Almeida Maio Conta-me Uma Adivinha (1961) reúne quatro dos melhores contos de Tillie Olsen, revelando a voz de uma América que tivera pouca expressão até então: «Eis-me aqui, a passar a ferro» dá voz a uma mãe preocupada, que realiza tarefas domésticas; «Ei marinheiro, que navio?» relata o progressivo isolamento de um homem embarcado, cada vez mais perdido no álcool; «Ó Sim», sobre o racismo imbrincado na sociedade negra; e o conto que dá nome à colectânea: «Conta-me Uma Adivinha», que acompanha o declínio físico de uma matriarca.
Tillie Olsen (1912-2007), activista e prestigiada escritora americana, ganhou notoriedade na década de 1930, tendo publicado textos na New Republic e na Partisan Review. Espírito rebelde, denunciou na sua obra a dureza das condições de vida das classes obreiras, celebrando em simultâneo, a esperança na mudança. Sempre cultivou a escrita literária num quotidiano exigente e atribulado, e o activismo político dos primeiros anos nunca esmoreceu. |
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| A Armadilha Daech O Estado Islâmico ou o Retorno da História PIERRE-JEAN LUIZARD(ENSAIO) tradução Pedro Carvalho e Guerra Março O historiador Pierre-Jean Luizard reconstitui neste livro a dinâmica do Daech, restituindo-a sobretudo ao seu contexto. Recuando ao período colonial e à presença otomana, A Armadilha Daech traça um amplo quadro geo-histórico e é uma lúcida análise dos efeitos duradouros provocados pela emergência do Estado Islâmico no Iraque e na Síria.
Investigador no CNRS, Pierre-Jean Luizard é historiador e especialista no Médio Oriente.
Entrevista do autor a Les Inrocks. |
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| O Universo Concentracionário DAVID ROUSSET(ENSAIO) tradução, introdução e glossário João Tiago Proença Fevereiro Os homens normais não sabem que tudo é possível.
David Rousset foi um dos primeiros deportados a descrever os mecanismos e a lógica dos campos de concentração, que o nazismo levou ao paroxismo do horror. Escrito em Agosto de 1945 e inédito em Portugal, O Universo Concentracionário revela o sistema que neles operava, pondo a nu as suas molas psicológicas e as hierarquias que neles se estabeleciam. Este texto de Rousset, filósofo de formação, é amplamente citado por Hannah Arendt n’ As Origens do Totalitarismo. |
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| KallocaínaKARIN BOYE(ROMANCE) tradução do sueco João Reis Março Kallocaína (1940) é um romance distópico inspirado pelo apogeu do nacional-socialismo na Alemanha, na veia de 1984, de George Orwell e de Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley. Num futuro desumanizado e totalitário, um estado militar controla a sociedade, que se vergou à sua vontade, na ânsia da segurança prometida. Quando o cientista Leo Kall inventa um soro da verdade, o Estado não se coíbe de querer extorquir todos os segredos e pensamentos dos seus cidadãos. Um romance opressivo que concebe a ditadura como algo inerente à consciência individual e que se revela clarividente no que toca ao uso de drogas como elemento de controlo de massas.
Karin Boye (1900-1941) é um dos vultos mais destacados da literatura sueca do século xx. Membro do movimento cultural Clarté, viajou pela Europa e conheceu a União Soviética de Estaline e a Alemanha nazi de Hitler, situação que influenciaria claramente a escrita de Kallocaína. Suicidou-se em Abril de 1941. |
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| OreoFRAN ROSS(ROMANCE) tradução Paulo Faria Abril Oreo: Alguém que é preto por fora e branco por dentro.
Uma história plausível. — Flaubert Burp! — Wittgenstein O romance satírico Oreo (1974), «demasiado avançado para o seu tempo», segundo a crítica, é uma pérola injustamente esquecida e redescoberta em 2015 pelo público americano. Oreo, a personagem principal, filha de mãe negra, parte em busca do pai judeu na Grande Maçã, convertendo-se num Teseu moderno com laivos feministas. A insólita linguagem, a corrosiva crítica social e o humor picaresco fazem de Oreo uma obra surpreendente.
Fran Ross (1935-1985) nasceu em Filadélfia e passou grande parte da sua vida em Nova Iorque. Colaborou com o Saturday Evening Post e diversos periódicos e editoras. Escreveu para Richard Pryor, o humorista afro-americano mais célebre dos anos 70.
OREO no New York Times, na New Yorker e na Literary Review. |
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| Cartas a Um Jovem PoetaRAINER MARIA RILKE (edição bilingue) tradução e posfácio José Miranda Justo Fevereiro Edição bilingue, posfaciada por José Miranda Justo, das dez epístolas trocadas ao longo de cinco anos entre Rilke e Franz Xaver Kappus, jovem que procurava dar os primeiros passos no domínio da escrita poética. Um compêndio vital sobre a conduta e o ofício do poeta e a arte da escrita. |
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Viagem aos Confins da Cidade LEONARDO LIPPOLIS(ENSAIO) tradução Margarida Periquito Fevereiro Viagem aos Confins da Cidade é uma indagação sobre a crise da metrópole e sobre o imaginário de uma época que, nas transformações das suas cidades, lê o seu inexorável declínio. Uma reflexão sobre o destino das cidades contemporâneas, quer idealizadas por filósofos e urbanistas, quer por romancistas e cineastas. Leonardo Lippolis (Génova, 1974), professor, estuda as interligações entre arte, arquitectura, cidade e política, de uma perspectiva neo-situacionista. Entre as suas obras contam-se Urbanismo unitário (2002) e La nuova Babilonia (2007). |
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| Uma Apologia do Ócio / A Conversa e os Conversadores ROBERT LOUIS STEVENSON (ENSAIOS) tradução Rogério Casanova Março Uma Apologia do Ócio (1877) apresenta, precisamente, o ócio como uma crítica tomada de posição, à disposição de todos. Como arte de viver com benefícios comprovados, em busca do «palpitante calor da vida», assim se desmonta um quotidiano acinzentado pelas obrigações laborais. Dois textos de Robert Louis Stevenson que nos convencem de que o ócio e a conversa merecem figurar como artes maiores, a cultivar, na vida do homem. |
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| A Vida sem Princípios HENRY DAVID THOREAU (ENSAIO) tradução Luís Leitão Abril N’A Vida sem Príncípios (1863), Henry David Thoreau desenvolve o seu pensamento sedicioso, demonstrando que as necessidades materiais e as contingências diárias são um entrave ao crescimento espiritual e alertando-nos para as armadilhas mundanas em que facilmente nos enredamos. Ensaio-programa de vida, nele se exalta o individualismo e a comunhão com a natureza, advogando a rejeição da sociedade. Maçãs Silvestres e Cores de Outono
(ENSAIOS) tradução Luís Leitão Maio A par dos seus textos políticos mais interventivos, Thoreau celebrizou-se pela nature writing, textos telúricos em que a natureza, a sua nobreza e sagacidade dão azo a reflexões e inevitáveis comparações com a vida humana. A colectânea reúne Maçãs Silvestres (1862), um dos últimos textos do autor, e Cores de Outono, matéria para uma genuína apologia dos sentidos e para fugazes, mas intensas, experiências vivificantes. |
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