Nosso comentário:
Dia 5 de Julho, Domingo, dia de referendo na Grécia.
Creio que por toda a Europa, também um pouco por todo o mundo, se aguardava com muita expectativa o resultado deste referendo ao povo grego.
Ouvindo ou lendo os comentadores mais insignes, alguns especialistas mesmo, fica-se com a ideia baralhada. Ou seja, parece que pouca gente sabe ao certo o que se está a passar na União Europeia, muito menos o que se irá passar num futuro próximo e menos próximo.
Confusão generalizada.
Por isso o meu conselho aos leitores, por experiência própria, é o de que estejam atentos, mas não se cansarem demasiado com os programas das televisões, na sua grande maioria tendenciosos.
Dizem todos as mesmas coisas: um opina assim, o outro assado, um diz uma coisa, o outro contradiz, um comenta alhos com sarcasmo, o outro ri-se respondendo com bugalhos, o que acaba por funcionar como um "sedativo enervante".
Digo "sedativo enervante" porque nem dão sono ao telespectador, nem o esclarecem convenientemente.
Mas adiante.
A situação na Zona Euro é complexa, disso não resta a menor dúvida e, claro está, a partir de hoje fica um tanto mais complexa.
Porque me parece a mim que chegou o tempo de atar ou desatar no tratamento da ferida que a Grécia pôs a nu na Zona Euro, e agora ampliou com o resultado do referendo.
Perante cinco anos de austeridade com programas da Troika que não resultaram, a humilhação, o empobrecimento, um tratamento de chacota por parte dos "parceiros de União", o Povo Grego mostrou hoje ao mundo que coragem não lhe falta.
Resistiram à chantagem, às pressões, às sondagens rotundamente erradas (!!!???) sobre o referendo, que apontavam um "empate técnico" e acabou numa relação abismal de 60%-40%.
Responderam à chamada e, entre dúvidas e medos, ousaram votar em liberdade.
Pela minha parte, não estou contente nem triste em relação ao referendo grego. Porque, eu não sei, tal como ninguém sabe se, perante a intransigência já mostrada pelas partes intervenientes neste processo "credores e Grécia", se chegará a um acordo que resolva a contento a questão.
Saliento por isso apenas uma coisa:
Que hoje o Povo Grego, liderado por gente fora do arco da governação, como se diz em Portugal, goste-se ou não dos ditos líderes, soube mostrar à Europa e ao mundo o verdadeiro valor da DEMOCRACIA e relembrar o porquê de, desde a Antiguidade, esta lhe ser tão cara.
Oxalá a Europa, depois de hoje, saiba e consiga fazer uma profunda reflexão. Que saiba mudar de rumo e de estilo. É urgente.
Desejo uma óptima semana a todos,
António Esperança Pereira
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