O CANTAR DA TERRA
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O CANTAR DA TERRA


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Imagem tirada daqui
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Na pequena aldeia, aconchegada no que de melhor o vale tinha, um leve rumor sobrepunha-se aos gestos de sempre. Não chegava a ser inquietude, mas destilava energia suficiente para despoletar discretos arremedos de sobressalto, pólvora seca em prados sedentos de água.
Nos campos faziam-se as derradeiras colheitas, com cheiro a maçãs e uvas maduras. Da serra, enfeitada de eólicas, assomavam nuvens carregadas, anunciando os estertores do mundo, acentuados pelo uivar dos cães em noite de Lua Cheia.
Avessa a fados e lamúrias, a Ti Laurinda, na sua velha casa de pedra, mais idosa que a soma das suas duas pernas, ensaiava nova quadra com que, episodicamente, presenteava as suas galinhas, ou quem mais a quisesse ouvir. A última até já as pedras de xisto a tinham entranhado.
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Olhar p'ra dentro, olhar p'ra fora
Não tem nada que enganar
Se a chuva estiver p'ra vir
Algo está para mudar.
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Enquanto comia as couves galegas, entremeadas com uma batatita e regadas com um pingo de azeite, uma nova quadra ia ganhando forma:
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Antes do vento chegar com força
Acautela a tua telha
Não serás sempre moça
Também um dia serás velha.
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Quando interpelada por alguém, acerca deste seu hábito, a Ti Laurinda sorria, sorria sempre, enquanto encolhia os ombros:
- Que quer, são cá coisas minhas...!
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