Textos e Mensagens
O CANTAR DA TERRA
.Imagem tirada daqui
..Na pequena aldeia, aconchegada no que de melhor o vale tinha, um leve rumor sobrepunha-se aos gestos de sempre. Não chegava a ser inquietude, mas destilava energia suficiente para despoletar discretos arremedos de sobressalto, pólvora seca em prados sedentos de água.
Nos campos faziam-se as derradeiras colheitas, com cheiro a maçãs e uvas maduras. Da serra, enfeitada de eólicas, assomavam nuvens carregadas, anunciando os estertores do mundo, acentuados pelo uivar dos cães em noite de Lua Cheia.
Avessa a fados e lamúrias, a Ti Laurinda, na sua velha casa de pedra, mais idosa que a soma das suas duas pernas, ensaiava nova quadra com que, episodicamente, presenteava as suas galinhas, ou quem mais a quisesse ouvir. A última até já as pedras de xisto a tinham entranhado.
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Olhar p'ra dentro, olhar p'ra fora
Não tem nada que enganar
Se a chuva estiver p'ra vir
Enquanto comia as couves galegas, entremeadas com uma batatita e regadas com um pingo de azeite, uma nova quadra ia ganhando forma:
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Antes do vento chegar com força
Acautela a tua telha
Não serás sempre moça
Também um dia serás velha.
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Quando interpelada por alguém, acerca deste seu hábito, a Ti Laurinda sorria, sorria sempre, enquanto encolhia os ombros:
- Que quer, são cá coisas minhas...!
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Da Presença Do Sangue
não, agora que sangram tempos outros eu falarei como te sendo o ausente ou um nada que nem sequer se sente ou um doentio pelas mentes dos doutos pesteado bicho pelos campos solto pingo de sangue na vagina quente a poeira de um meteoro incidente um palavrão...
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Fragmento Absurdo De Uma Existência Futura N°2 – A Vagina E O Extrato De Tomate
Me acordei-me com os gritos irritantes de uma mulher sendo estuprada bem na calçada da rua, na frente da minha casa. Tenho o mau-hábito de chamar de casa o porão bolorento e empesteado em que vivo. Fui ver quem era. Funkeiros de merda. Não estava...
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A Biblioteca Que (ainda) Sorri
. AC, Chuva em modo protegido. . Já chegou aos 90, mas a Ti Laurinda continua a gostar de gente, de corações a palpitar, de pessoas que gostam de ousar, de pousar, de (re)fazer, de rir. Os tempos mudaram muito, tanto que até parece outro mundo,...
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ZÉ Lobo
. AC, Arte urbana, com reutilização de materiais, de Bordalo II. . A chuva retomara a sua cadência, de lentas vestes, tecidas em gotas anti-ressalto: onde caíam, ficavam.Zé Lobo apertou o capote, ajeitou o chapéu e pôs-se a caminho. Sentia-se,...
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Conto De Natal
.Imagem tirada da Net . . . A década de sessenta iniciara-se há pouco. Na aldeia, inclinada à inclemência dos gelos da Estrela, não se poupava na lenha. Em casa do Luís Pereira o lume crepitava desde muito cedo, inundando a cozinha com um calor...
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